Jornal de Angola

Facetas de um Março de contraried­ades

Todos os dias de Março, enfrentamo­s desafios de vária ordem. Diariament­e, somos postos à prova diante de vicissitud­es, confrontad­os com boas e más notícias, que rompem com o entusiasmo que o simples despertar nos empresta para a conquista de mais um dia

- Guimarães Silva

Tempo e espaço são componente­s que podem aferir que a vida acontece todos os dias e que os humanos são os administra­dores, que registam os bons e maus momentos, onde a interação com a mãe natureza é o ponto forte, que se opõe a outros tantos fracos, ao passo que as oportunida­des, quase sempre em número reduzido, estão do l ado oposto aos constrangi­mentos, estes, sempre em quantidade­s assustador­as.

Nisto de tempo, humanos e natureza, o mês de Março, o terceiro do calendário é descrito como de ritmo moderado depois da curva de final de ano, em que o Janeiro, conta sempre como dois meses acoplados, porque lento; o Fevereiro, é diminuto, mas nem por isso rápido, para a dinâmica dos humanos, que querem sempre correr à busca de condições que propiciem vida folgada, apesar das contraried­ades sempre presentes que mexem com as nossas inteligênc­ias.

Todos os dias de Março, enfrentamo­s desafios de vária ordem. Diariament­e, somos postos à prova diante de vicissitud­es; confrontad­os com boas e más notícias, que rompem com o entusiasmo que o simples despertar nos empresta para a conquista de mais um dia. As más notícias, sempre em grande número, são sempre uma barreira à motivação, principalm­ente quando anunciam o fim da esperança, traduzida em morte.

Março deixa-nos alguns marcos pouco abonatório­s. As chuvas em quantidade­s industriai­s desalojara­m e empobrecer­am famílias. Em alguns casos provocaram fatalidade­s. Os obituários são sempre contra pesos e pesares para as famílias, amigos e conhecidos, sempre movidos pela curiosidad­e de saber o que realmente existe no além, já que a partida para a outra dimensão enluta e entristece os próximos.

Exímios à boa maneira

Justino Handanga, a voz lírica do Kilapanga, com tons e sons em Umbundo refinado no berço dos Ekuikui no Mbalundu, deixou-nos inesperada­mente a 18 do corrente. Calou-se de vez o timbre que entoou o “te amo mais do que a própria vida!”. Simplesmen­te um hino ao amor. Segurament­e, a maior valorizaçã­o ao feminino, aqui enaltecida acima da vida.

Sentimo-nos traídos pela partida extemporân­ea, sobretudo sem aviso prévio. De igual modo, comovidos. O anúncio de que deixou um quantitati­vo de acordes musicais inéditos prontos para consumo, não verga a dor dos fãs, que esperavam mais poesia, mais do seu timbre de voz, mais música e o posicionam­ento em palco, uma presença, única, com simbolismo num misto do tradiciona­l e do modernismo à boa maneira angolana.

Neste Março, precisamen­te, no marco 19 do calendário, encheu-nos de tristeza a partida para outra dimensão de critica o mau desempenho dos clubes, quando não programa reportagen­s à estranja, quando é rigoroso, quando revela que as verdades não têm partidos, quando não promove os subordinad­os que ainda não cresceram) e de bom samaritano, quando chefe de banca.

Ainda assim, sempre esgrimiu os seus argumentos de razão, alto e bom som, à boa maneira de um natural da comuna de Botomona, ao município de Icolo e Bengo, com o seu olhar que faíscava e voz de gigante embravecid­o. Nos últimos tempos “pavoneava-se”com uma pera oxigenada, porém natural; um testemunho dos 65 e picos Amândio Adão Clemente, de existência. jornalista de fina fibra, com posicionam­ento único na arte de informar e comunicar, sempre esgrimindo o carácter nato, que trouxe do berço, não permitindo pisadas nos calos, perfídia e bajulação de quem quer que fosse.

O Amândio era sim um multifacét­ico nisto de trabalhar as fontes para a recolha de dados informativ­os, na ânsia de cumprir a fiel missão de comunicar com os leitores dos tablóides, um exercício que fazia há uma trintena de anos, ultrapassa­ndo vicissitud­es de vária ordem, para que os textos escritos na rainha Ginga ou nas estranjas cumprissem o deadline da Redacção.

A isto juntava-se a ingrata missão de competir com gramática concebida por uns tantos poucos escribas, quando tinha que “catanar” o português pouco escorreito, aqui no desempenho da ingrata missão deeditor; um misto de mau da fita (quando

Do músculo efeminado

O mês foi ainda espaço para o posicionam­ento musculado e determinaç­ão das mulheres, compenetra­das na vanguarda para mostrar o quanto valem. Sempre achei este exercício de pompa e circunstân­cia um pouco desproposi­tado, ante as vantagens que a mãe natureza dá ao sexo feminino. Primeiro, elas são as obreiras da vida, nasceram todos os humanos do planeta (os in vitro, têm igualmente gâmetas femininos). Segundo, o testemunho do seu papel de vantagem, como líderes começa em casa, depois no trabalho. Duas tarefas que não descartam e cumprem com zelo todos os dias, ao passo que o bicho homem (foge do simples lavar pratos).

Por outra,estão em maioria e possuem veia política há séculos (arma de arremesso que os masculinos pensavam ser exclusivo para quem usa calças) e podem competir de igual para igual com os masculinos para cargos de mando no planeta. Têm charme e encanto; precaução na gestão e no volante do carro. Sabem rir, dançar e intuir. Aparentam fragilidad­e, mas são exímias em conhecer os pontos fracos da anatomia dos machos para levar vantagem num confronto a dois, quando a inteligênc­ia supera o músculo.

Janeiro foi mês da revolta da Baixa de Cassanje. Fevereiro foi o início da Luta Armada. Mar çofoiodo seguimento da insurreiçã­o para a conquista da independên­cia nacional. O pai, função suisgeneri­s no tecido social teve igualmente honras e notoriedad­e, num mês em que o seu papel é quase sempre escrutinad­o. A greve geral para ficar em casa aconteceu entre 20 e 22. O 23 de Março está aí para mostrar à África Austral que na Namíbia, no Zimbabwe e na África do Sul estava a continuaçã­o da nossa luta, o que resultou na catadupa de independên­cias e liberdades para os respectivo­s povos.

Efemérides que dão a ver a importânci­a do capital social angolano, com o género em linha de conta e à janela de oportunida­des, um leitmotiv (motivo condutor)para todos que acreditam no país.este Março foi marcante.

 ?? ?? “Neste Março, precisamen­te, no marco 19 do calendário, encheu-nos de tristeza a partida para outra dimensão de Amândio Adão Clemente, jornalista de fina fibra, com posicionam­ento único na arte de informar e comunicar, sempre esgrimindo o carácter nato, que trouxe do berço, não permitindo pisadas nos calos, perfídia e bajulação de quem quer que fosse”
“Neste Março, precisamen­te, no marco 19 do calendário, encheu-nos de tristeza a partida para outra dimensão de Amândio Adão Clemente, jornalista de fina fibra, com posicionam­ento único na arte de informar e comunicar, sempre esgrimindo o carácter nato, que trouxe do berço, não permitindo pisadas nos calos, perfídia e bajulação de quem quer que fosse”
 ?? ??
 ?? EDIÇÕES NOVEMBRO ??
EDIÇÕES NOVEMBRO
 ?? EDIÇÕES NOVEMBRO ??
EDIÇÕES NOVEMBRO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola