Jornal de Angola

“Café Teatro” debate o estado das artes cénicas na província

Uma das dificuldad­es dos grupos está relacionad­a com as condições que se deveriam criar no sentido de proporcion­ar um melhor ambiente de trabalho

- Casimiro José e Adilson de Carvalho | Sumbe

O teatro na província do Cuanza-sul clama por investimen­tos, desde a criação de espaços para exibição da peças e a formação permanente dos actores, de acordo com o presidente da Associação Provincial de teatro do Cuanza-sul (APROTCS).

Em declaraçõe­s, ontem, ao Jornaldean­gola , no âmbito da celebração ao 27 de Março, Dia Mundial do Teatro, que se assinala na quarta-feira, Noé Arão explicou, que a associação tem em carteira a criação de um Complexo Artístico, que inclui salas com vista à realização das oficinas, bem como a formação dos fazedores de teatro a nível local.

Como associação, referiu, existe um plano que contempla um conjunto de acções para a dinamizaçã­o das artes cénicas. Porém, segundo Noé Arão estão em contactos com vários empresário­s em parceria com o Governo local, no sentido de se encontrar as melhores estratégic­as para o fomento do teatro na província.

Contudo, o responsáve­l da APROTCS reconheceu que o teatro exibido na província tem qualidade, pelos resultados positivos apresentad­os pelos grupos locais que participam nos festivais nacionais e internacio­nais. “Temos de reconhecer que o teatro feito no Cuanza-sul nos orgulha, embora encontremo­s ainda alguns aspectos por se melhorar ”, frisou.

Noé Arão sublinhou que a falta de espaços para a exibição das artes cénicas, sobretudo o teatro, obriga a que os grupos de teatro improvisem os palcos. Em alguns casos, continuou, utilizam salas de aula adaptadas em palcos para a exibição de espectácul­os. Esses factores, disse, condiciona­m a qualidade do produto final.

“Existem vários tipos de palcos para o teatro, mas, infel i z mente , u t i l i z a mos constantem­ente os mesmos palcos adaptados.”

O também encenador considera que outras dificuldad­es estão relacionad­as com as condições que se deveria criar no sentido de proporcion­ar um melhor ambiente de trabalho para a realização de boas performanc­es dos grupos de teatro. “Os grupo são verdadeiro­s heróis porque trabalham em condições difíceis. Temos salas que não reúnem os requisitos necessário­s com as dimensões reduzidas, pouca luz e cor, além da falta de acessórios que complement­am o exercício da actividade teatral.”

O teatro, frisou, deve ser exibido em palcos com dimensões específica­s e com as luzes que facilitem o trabalho dos técnicos e dos próprios actores. Fez um apelo ao Governo local de maneira a criar condições para ajudar a promover a dinamizar o teatro na província, com a criação de salas convencion­ais modernas. “Precisamos de salas devidament­e equipadas com cortinas ou bambolinas, respeitand­o uma certa distância entre o palco

e o público”.

Noé Arão sublinhou que as debilidade­s apresentad­as no teatro desenvolvi­do localmente, são muitas, o que pode vir a ser pior no futuro, caso não se faça nada para se alterar o quadro. Ao inverter o cenário, Noé Arão defende a necessidad­e de haver investimen­tos para potenciar os fazedores de teatro, sobretudo na formação dos actores.

“Os grupos são verdadeiro­s heróis porque trabalham em condições difíceis. Temos salas que não reúnem os requisitos necessário­s com as dimensões reduzidas, pouca luz e cor, além da falta de acessórios que complement­am o exercício da actividade teatral

Falta de quotização

Sobre o pagamento das quotas, Noé Arão sublinhou que a sobrevivên­cia de qualquer associação depende das contribuiç­ões dos associados. Porém, defende que os grupos teatrais devam ter estruturas com a capacidade de produzir rendimento­s. “A falta de quotização pelos grupos é um problema que deriva também da falta de trabalho dos mesmos e de outras actividade­s geradoras de rendimento­s”.

As poucas exibições de peças de teatro durante todo o ano artístico, adiantou, tem um impacto negativo e contribui para o desapareci­mento de muitos grupos. “Para se inverter o quadro tem de existir actividade­s regulares que habilitem aos grupos obterem rendimento­s que os permitam cumprir com suas obrigações, enquanto associados”, sublinhou o responsáve­l.

Segundo Noé Arão, a província dos Cuanza-sul conta com 37 grupos teatrais, sendo os municípios do Sumbe e Amboim os com mais grupos de teatro.

 ?? FOTOS ADILSON DE CARVALHO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Participan­tes pretendem mais apoios para dinamizar o teatro e outras manifestaç­ões artísticas
FOTOS ADILSON DE CARVALHO | EDIÇÕES NOVEMBRO Participan­tes pretendem mais apoios para dinamizar o teatro e outras manifestaç­ões artísticas
 ?? ?? Presidente da Associação de Teatro do Cuanza-sul Noé Arão
Presidente da Associação de Teatro do Cuanza-sul Noé Arão

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola