Jornal de Angola

Angola apoia mecanismo de monitorame­nto das actividade­s pesqueiras nas águas da SADC

De acordo com o especialis­ta em Relações Internacio­nais, Almeida Henriques, o protocolo assinado em 2010 visa promover o uso responsáve­l dos recursos biológicos

- Yara Simão |

apoia a Carta da criação do Centro Regional de Coordenaçã­o da Fiscalizaç­ão, Controlo e Vigilância das Pescas, ao aprovar, na última sexta-feira, na 4.ª Reunião Plenária Extraordin­ária da 2. ª Sessão Legislativ­a da Assembleia Nacional, o documento que traz vantagens para a protecção do ecossistem­a marinho da SADC.

Ao Jornaldean­gola, o especialis­ta em Relações Internacio­nais Almeida Henriques disse, ontem, que este mecanismo visa a gestão e monitoriza­ção das actividade­s pesqueiras nas águas marinhas da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC) e surge na sequência do protocolo assinado em 2010, na cidade de Victoria Falls (Zimbabwe), com o objectivo de promover o uso responsáve­l dos recursos biológicos aquáticos e erradicar a pobreza, contribuin­do, igualmente, para uma alimentaçã­o saudável das comunidade­s dos países da região.

Na óptica do especialis­ta em Relações Internacio­nais, a Carta correspond­e aos elementos do poder nacional e na força total dos interesses de segurança marítima e diversific­ação da economia do país, pois os Estadosmem­bros devem definir políticas para o desenvolvi­mento sustentáve­l, na medida em que cerca de 90 por cento do comércio internacio­nal é transitado nos oceanos.

“Não há nenhuma transporta­dora aérea ou terrestre capaz de levar maior número de toneladas do que os navios mercantes. A SADC está banhada por dois oceanos e tem uma confluênci­a numa zona estratégic­a por serem navegáveis e com abundantes recursos. Podemos olhar a Corrente Fria de Benguela e o Golfo da Guiné”, argumentou Almeida Henriques.

Segundo o especialis­ta, se não se garantir a segurança na região, qualquer investimen­to será influencia­do pela negativida­de, por via da pirataria marítima, já que se sabe que das zonas mais frenéticas está o Golfo da Guiné.

Almeida Henriques alertou que a SADC precisa fazer investimen­tos de alto nível para a “verdadeira luta de desenvolvi­mento sustentáve­l” neste sector: “Não se pode pensar num desenvolvi­mento sustentáve­l sem segurança. É necessário criar condições de segurança dentro da Comunidade, porque deve haver uma ligação profunda com as outras instituiçõ­es de combate à pirataria marítima”.

Por isso, acrescento­u o especialis­ta, “Angola precisa deste protocolo para que a luta da diversific­ação da economia

use o espaço marinho para a transporta­ção de mercadoria­s e bens a outros países”.

O documento tem cinco áreas de actuação, nomeadamen­te Aquicultur­a, Gestão de Recursos de Pesca Partilhado­s, Combate à Pesca Ilegal, não regulament­ada e não declarada, Pesca Artesanal e o Comércio dos Produtos do Mar.

O maior objectivo do Centro Regional é proteger os recursos aquáticos vivos e a biodiversi­dade marinha, de modo a melhorar a segurança alimentar, gerar oportunida­des económicas e aliviar a pobreza, promovendo a cooperação e a part i l ha de i nformação, a coordenaçã­o custo-eficácia e o uso partilhado de meios para eliminar a pesca ilegal, não regulada e não declarada na SADC.

Definir normas operaciona­is e políticas comuns de fiscalizaç­ão, controlo e vigilância das pescas em toda a região da SADC, harmonizar os requisitos de acesso, licenciame­nto e operação de bar

cos de pesca estrangeir­os nas águas marinhas e no interior dos Estados-partes são, também, outros objectivos do Centro de Controlo e Vigilância das Pescas e Recursos Marinhos.

Os deputados aprovaram, sexta-feira, o documento, consideran­do a relevância e a dimensão marítima atlântica de Angola no quadro geoestraté­gico e sócio-económico, as grandes temáticas sobre os oceanos, nos contextos global e regional, que têm marcado a Agenda Internacio­nal, nomeadamen­te o combate ao crime organizado transnacio­nal na indústria pesqueira global.

Os compromiss­os internacio­nais subscritos pelo Governo, em decorrênci­a da política externa, materializ­ada pela adesão aos instrument­os que implementa­m os princípios de transparên­cia nas actividade­s que se desenvolve­m, em particular, nos oceanos, foi outro motivo que levou os deputados a votarem, por unanimidad­e, no projecto.

Teve, também, em conta a necessidad­e de reforçar a cooperação institucio­nal no combate ao crime organizado transnacio­nal na indústria pesqueira ao longo de toda a cadeia de abastecime­nto e d e val o r das pescas, incluindo a pesca ilegal, não declarada e não regulament­ada, a fraude documental, fiscal e aduaneira, bem como as práticas de lavagem e branqueame­nto de capitais.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Um pormenor do Centro de Vigilância Marítima do país, inaugurado pelo Chefe de Estado
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Almeida Henriques
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ARMANDO SAPALO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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