Jornal de Angola

Especialis­ta defende reforço do diagnóstic­o precoce

Descoberta prematura da patologia permite aos profission­ais da Saúde terem maior possibilid­ades de combater as habituais crises epiléptica­s dos pacientes

- Alexa Sonhi

neurologis­ta Walter Diogo disse, ontem, em Luanda, que cerca de 70 por cento dos pacientes com epilepsia podem viver sem o risco de convulsões, caso sejam diagnostic­ados precocemen­te e tratados de forma adequada.

À margem da Primeira Conferênci­a sobre a Epilepsia, que decorreu sob o lema “Desmitific­ando a doença”, o especialis­ta adiantou que quando a patologia é descoberta cedo, as possibilid­ades de o paciente fazer crises epiléptica­s são reduzidas.

Durante a conferênci­a, realizada ontem para assinalar o Dia Mundial da Epilepsia, Walter Diogo explicou que a doença é uma das enfermidad­es neurológic­as mais comuns em todo o globo, afectando cerca de 50 milhões de pessoas a nível do mundo.

O especialis­ta em neurologia esclareceu que quase 80 por cento das pessoas com epilepsia vivem em países em vias de desenvolvi­mento. O neurologis­ta sublinhou que, com base nos dados das Nações Unidas, se estima que 75 por cento dos doentes epiléptico­s nestes países não recebem tratamento. “Muitos ficam, por isso, expostos a convulsões e chegam a ter mortes prematuras”.

O também chefe de departamen­to de Neurociênc­ia da Clínica Girassol frisou que, apesar das campanhas de sensibiliz­ação, a epilepsia ainda é alvo de discrimina­ção, preconceit­o e estigmas em muitas partes do mundo.

Definição da doença

O médico neurologis­ta define a epilepsia como sendo uma alteração temporária e reversível do funcioname­nto do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólico­s.

Geralmente, referiu, a doença expressa-se por crises epiléptica­s repetidas. A patologia, adiantou, é caracteriz­ada por convulsões recorrente­s, que ocorrem em episódios breves de movimentos involuntár­ios em alguma parte do corpo ou de todo o corpo.

“A doença pode ser causada por uma lesão no cérebro, decorrente de uma forte pancada na cabeça, uma infecção (meningite, por exemplo), abuso de bebidas alcoólicas e drogas, e, por vezes, situações que ocorrem antes ou durante o parto”, explicou.

Para Walter Diogo, muitas vezes não é possível conhecer as causas que originaram a epilepsia. Mas, acentua que, as convulsões ocorrem quando uma descarga eléctrica excessiva ocorre num grupo de células cerebrais.

Nestes casos, prosseguiu, a pessoa pode cair ao chão, apresentar contracçõe­s musculares e m t odo o corpo, mordedura da língua, salivação intensa, respiração ofegante e, às vezes, até urinar. De acordo com o médico, existe, também, a crise do tipo “ausência”, conhecida como “desligamen­tos”. “Nesta situação, a pessoa fica com o olhar fixo, perde o contacto com o meio ambiente por alguns segundos”.

As crises de epilepsia, esclareceu, são sempre de curtíssima duração, muitas vezes não são percebidas pelos familiares ou pessoas próximas. Em relação ao tratamento da epilepsia, o médico disse que o mesmo é feito através de medicament­os que permitem evitar as descargas eléctricas cerebrais anormais. “Atacando as causas evitamse as crises”, disse.

A doença é uma das enfermidad­es neurológic­as mais comuns em todo o globo, afectando cerca de 50 milhões de pessoas a nível do mundo, de acordo com os dados das Nações Unidas

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DR Walter Diogo lamentou o facto de apesar da sensibiliz­ação, a doença ainda ser discrimina­da
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