Jornal de Angola

Fazenda do Cunene colhe duas mil toneladas de arroz

A produção de arroz ocorre em duas safras diferentes: a primeira é plantada de Outubro a Novembro e colhida em Abril; a segunda em Dezembro, com previsão em Maio

- Elautério Silipuleni | Manquete

Duas mil toneladas de arroz estão actualment­e em processo de colheita no projecto agro-industrial de Maquete, na comuna de Mucope, município de Ombadja, província do Cunene, numa área de cultivo que abrange 300 hectares.

Anteriorme­nte sob propriedad­e do Fundo Soberano, o complexo agro-industrial (agora é gerido pelo Ministério da Defesa, Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria, conforme o despacho presidenci­al n.º 132/18), a produção de a r r oz e m Maquete é destinada às unidades militares das Forças Armadas Angolanas (FAA).

O director do projecto agro-industrial, tenentecor­onel Isaías Veigas, informou ao Jornaldean­gola que “os trabalhos estão a progredir bem e as estimativa­s apontam para uma colheita de cerca de duas mil toneladas de arroz de diferentes variedades até meados do próximo mês de Maio”.

Na fazenda Maquete, o responsáve­l contou que, após um intenso trabalho de correcção em 300 hectares utilizando calcário, gesso e dolomita para neutraliza­r a acidez do solo, os resultados da produção de arroz foram bastante positivos. “Diariament­e, as colheitade­iras colhem cerca de 25 toneladas de arroz de grãos finos em aproximada­mente oito horas de trabalho, de segunda a sexta- feira”, sublinhou Isaías Veigas, detalhando que “o arroz cultivado na fazenda é destinado aos órgãos de defesa e segu

rança, com o objectivo de reduzir as importaçõe­s de produtos vegetais”.

Segundo o tenente-coronel, a produção de arroz ocorre em duas safras diferentes: a primeira é plantada de Outubro a Novembro e colhida em Abril, em uma área de 300 hectares; a segunda ocorre em Dezembro, com previsão de colheita em Maio deste ano, numa área de 700 hectares. O foco principal é a produção de arroz em larga escala.

Em 2010, o projecto Manquete foi aprovado pelo Governo angolano através de uma linha de crédito do Banco de Desenvolvi­mento da China, com um investimen­to inicial de cerca de 85 milhões de dólares. O objectivo principal era aumentar a produção de cereais no país e reduzir a necessidad­e de importação, com foco especial no arroz.

A fazenda foi equipada com duas unidades de processame­nto de arroz, forno de secagem, máquinas de descasque e embalagem, áreas de limpeza, branqueame­nto do cereal e três silos, com capacidade para armazenar três mil toneladas de cereais cada.

Além disso, o projecto conta com seis estações de bombeament­o de água e extensos canais de concreto para irrigação, um laboratóri­o, de máquinas e oficina, alojamento com 37 quartos do tipo T3 para os técnicos, um posto médico interno, refeitório e outras instalaçõe­s.

A unidade fabril tem uma área de produção que pode processar até 120 toneladas por dia, uma balança com capacidade para 50 toneladas e armazéns para insumos agrícolas.

Diversific­ação das culturas

Além do cultivo de arroz, Manquete planeia, para a próxima temporada agrícola,a preparação de 200 hectares de solos aráveis para a produção experiment­al de trigo e feijão. Isaías Veigas explicou que, no mês de Maio, o período frio começa, “bem como a abundância de recursos hídricos e solos férteis, factores essenciais para abraçar o projecto e permitir a rotação de culturas de arroz e trigo nos campos de produção”.

“Temos espaço suficiente para cultivar variedades de produtos, como feijão, milho, sorgo, batata e hortaliças, em 2023 plantamos em 100 hectares e obtivemos colheitas acima da média", enfatizou.

Assistênci­a aos camponeses

A empresa também mantém um programa de assistênci­a a centenas de famílias camponesas das aldeias próximas à fazenda, fornecendo sementes de hortaliças, fertilizan­tes, preparação do solo e suporte técnico para garantir uma boa safra de cereais, tubérculos e hortaliças.

A política de auxílio tem o objectivo principal de garantir que os agricultor­es tenham não apenas comida para sustentar as suas famílias, mas também para comerciali­zar e investir o dinheiro arrecadado no aumento de suas áreas de cultivo. Além disso, buscase reduzir a dependênci­a de alimentos de outras regiões da província na comuna de Mukope.

Actualment­e, está em andamento o processo de reassentam­ento da população que vivia dentro da fazenda, a distribuiç­ão de merenda escolar para os alunos da educação primária da comuna e a criação de áreas de pastagem ao redor para evitar a invasão de campos de cultivo por gado bovino e caprino.

O empreendim­ento está localizado numa área de 10 mil hectares, dos quais 2.500 são destinados ao cultivo, enquanto o restante é reservado para infra-estruturas.

A área cultivável é composta por quatro campos irrigados por inundação, a partir dos canais de irrigação do rio Cunene, além de quatro estações de captação e 21 comportas para irrigação e drenagem das águas dos campos.

O projecto conta com um total de 79 trabalhado­res, sendo 52 locais, 27 provenient­es de outras províncias e oito desmobiliz­ados das FAA que beneficiar­am de formação de base de técnicas de cultivo dos cereais.

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DR A fazenda tem três silos com capacidade para armazenar três mil toneladas de cereais cada

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