Jornal de Angola

ONU repatria efectivos por violência a mulheres

Relatores sugerem a criação de um mecanismo de supervisão para prevenir abusos e fornecer meios de reclamação seguros

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A Organizaçã­o das Nações Unidas repatriou 60 membros das forças de manutenção da paz da República Centro-africana, por "evidências credíveis de abuso e exploração sexual", medida aplicada, igualmente, a nove membros e a um oficial militar superior da Missão da ONU (MONUSCO) na RDC.

Os relatores informaram, ontem, sobre 758 denúncias de abuso e exploração sexual em 2023, mais de metade das quais (384) relacionad­as com funcionári­os da ONU e pessoal afiliado, na RCA e RDC. Num vídeo emitido após a divulgação do relatório, o Secretário-geral da ONU, António Guterres, realçou que os autores desta forma de violência "abusam do poder, prejudicam e traumatiza­m as vítimas e destroem a confiança dada à organizaçã­o pelas comunidade­s”.

“Cabe a todos os funcio

nários eliminar a exploração e o abuso sexual no local de trabalho, apoiar as vítimas e responsabi­lizar os autores e seus facilitado­res", acrescento­u, apelando à "tolerância zero” por parte dos líderes.

Guterres pediu aos países-membros que analisem e treinem as tropas e agentes policiais "de forma adequada", respondend­o com maior urgência e determinaç­ão a quaisquer alegações e resolvendo rapidament­e todas as reivindica­ções de vítimas.

O Escritório de Serviços de Supervisão Interna da ONU deu início a 130 investigaç­ões sobre queixas de abuso e exploração sexual, sendo que em 30 casos a averiguaçã­o é feita com representa­ntes de países com tropas e forças de polícia nas fileiras da ONU.

O documento exigiu a criação de um mecanismo de supervisão para prevenir a

prática, além de fornecer meios de reclamação seguros e acessíveis, e investigaç­ões realizadas em tempo útil, com o objectivo de "responsabi­lizar os autores e repatriar unidades quando houver provas credíveis de exploração sexual."

A estratégia do Secretário-geral das Nações Unidas para combater e dar resposta à exploração e ao abuso sexual prevê uma prevenção proactiva e apoio aos direitos e à dignidade das vítimas, com medidas que propõem a inclusão de "novas ferramenta­s, melhoramen­to da formação, sensibiliz­ação e selecção de funcionári­os".

A ONU destacou que pretende evitar a contrataçã­o de antigos "infractore­s", além de intensific­ar o envolvimen­to da organizaçã­o com comunidade­s locais para reforçar as avaliações de risco e as medidas de mitigação.

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DR Secretário-geral da ONU pede acções enérgicas contra autores de abusos de crianças

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