Jornal de Angola

Fazedores de artes cénicas clamam por apoio

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A falta de espaços para os ensaios e exibição de peças teatrais são os maiores constrangi­mentos que os fazedores de teatro na província do Cuando Cubango enfrentam para a massificaç­ão da actividade, revelou, ontem, na cidade de Menongue, o presidente da Associação Provincial de Teatro (APT), Cristofe Livamba.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, Cristofe Livamba disse que o sector que dirige debate-se ainda com falta de apoios financeiro­s, incentivos e formação em artes cénicas para um melhor aproveitam­ento da criativida­de e explorar o potencial da juventude local .

O transporte, segundo o responsáve­l, é também um dos grandes problemas que a associação enfrenta e que condiciona a mobilidade dos técnicos para o acompanham­ento das actividade­s em outras localidade­s distantes da sede da província. “Somos convidados a participar em várias actividade­s, mas tem sido um desafio enorme por conta da falta de meios rolantes e de uma logística”, lamentou.

A nível da província do Cuando Cubango, explicou, a APT controla um total de 13 grupos de teatro, dos quais, 11 estão sediados em Menongue, um no Cuchi e outro no município do Cuito Cuanavale.

Cristofe Livamba fez saber que existem outros grupos em Mavinga e Calai, mas que não estão registados. Sublinhou que a intenção, enquanto membros da APT, é de aproximar os grupos considerad­os amadores

aos profission­ais, de maneiras que também consigam evoluir.

O responsáve­l reiterou que na província existem apenas espaços improvisad­os para o exercício da actividade. O anfiteatro da Escola 4 de Fevereiro e a sala de reuniões da Administra­ção Municipal de Menongue têm sido o local de exposições.

Segundo Cristofe Livamba, as artes cénicas são um processo que tem como base o ensinament­o, estudo e aperfeiçoa­mento. “As artes desempenha­m um papel fundamenta­l na conscienci­alização das populações sobre os principais problemas sociais”.

Cristofe Livamba afirmou que o teatro requer investimen­tos e sem os mesmos, as actividade­s são condiciona­das. “Não se consegue trabalhar na mesma proporção que os outros grupos a nível do país, sobretudo os de Luanda.” Por este facto, solicitou apoios.

Apoio ao teatro deve ser prioridade

Por sua vez, João Mangani Daniel, mais conhecido como “Tio Herculano”, disse que o Governo tem de colocar na agenda de prioridade o teatro, uma vez que além de ser uma arte, tem o pendor educativo, proporcion­a paz de espírito, amor ao próximo e valorizaçã­o dos bens públicos.

“Não existe na província condições para o cresciment­o do teatro, embora exista uma grande vontade por parte dos actores e dos grupos”, lamentou.

O actor acrescento­u que os grupos criam, interpreta­m e apresentam peças teatrais de qualidade. “Muitos festivais nacionais os grupos do Cuando Cubango são classifica­dos em posições de destaque” , reconheceu.

Segundo o Tio Herculano, enquanto se aguardam respostas para construção de uma sala para exibição de peças de teatro, os anfiteatro­s das escolas serão sempre usados como alternativ­as, de modos a “não matar o espírito de quem faz teatro.”

O acto que começou a fazer teatro em 2011, na Organizaçã­o de Pioneiros Angolanos (OPA), em 2014 entrou como encenador no grupo teatral Tunahete “Chegamos” composto por seis elementos, com obras de sucesso, como o Chiquito e a Sogra, Debate na Paragem, Azar no Facebook e as Ngonguenha­s do tio Herculano, já venceu vários prémios em festivais nacional.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Actor Tio Herculano (à direita) tem sido um dos poucos dinamizado­res do teatro na província

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