Ângela Ferrão e Selda interpretam temas de Belita Palma e Lourdes Van-dúnem
João Vigário, responsável do Palácio de Ferro, reconheceu nas artistas “vozes cujo timbre assentariam bem ao interpretar músicas conhecidas como “Nguxi” e “Monami”
e Selda sobem amanhã, às 19 horas, no palco do Palácio de Ferro, em Luanda, para um concerto que visa homenagear as cantoras angolanas, Belita Palma e Lourdes Van-dúnem. Previsto para mais de uma hora de música, o concerto encerra a programação cultural dedic ada ao mês da mulher naquele espaço cultural.
Ângela Ferrão e Selda serão acompanhadas por uma banda composta por distintos músicos da praça angolana, com Nino Jazz na direcção e teclado, guitarra de Mário Gomes, baixo de Luís LR, bateria de Omar Gross e coros de Alexandra Bento, aos quais se juntam Jorge Mulumba e Dalú Roger, para um toque especial no batuque e dikanza.
Em entrevista publicada na última edição do Jornal CULTURA, concedida pelas artistas numa das sessões de ensaio, Ângela Ferrão e Selda manifestaram ser sempre uma responsabilidade cantar figuras da dimensão de Belita Palma e Lourdes Van-dúnem, por tudo que estas duas “divas” representam na história da cultura angolana. Quanto aos temas escolhidos a título individual, Ângela garantiu que não vão faltar de Belita Palma as músicas “4 de Fevereiro”, “Fidel Castro” e “Hima”. E de Lourdes Van-dúnem avançou apenas duas, respectivamente, “Kwa vulu kwa iba” e “Imbwa Kegie Ngana Ié”. Por sua vez, Selda revelou que irá interpretar de Belita Palma os temas “Suzana”, “Nguxi” e “Caminho do Mato”, e de Lourdes Van- Dúnem as canções “Monami” e “Tic Tac”. Porém, outros sucessos das duas grandes cantoras poderão, igualmente, ser ouvidos nas vozes de Ângela e Selda, num concerto que prevê actuações individuais e duetos.
A ideia de juntar Selda e Ângela em palco partiu de João Vigário, responsável do Palácio de Ferro, que reconheceu nas artistas “vozes
cujo timbre e a riqueza vocálica” assentariam bem ao interpretar Belita e Lourdes. Quanto à musicalidade, Ângela Ferrão avançou que pretendem explorar da melhor maneira possível todo o reportório, tendo detalhado que teve o cuidado de treinar o canto em kimbundu, que é uma língua que ainda não fala.
Em termos de estilo e inovação, questionadas se irão procurar manter a originalidade rítmica ou darão novas roupagens aos temas, trazendo as sonoridades actuais, Selda argumentou que seria impossível manter a originalidade que existia quando elas foram
lançadas. “É uma missão impossível por vários motivos, desde os instrumentos de captação às características vocais das próprias artistas. Vamos fazer ajustes e arranjos, e ter o cuidado de manter a mística que existe nas músicas originais, porque não podemos arrancar tudo”, sublinhou. Por essa razão, Selda acrescentou que a escolha por Jorge Mulumba, líder da orquestra de música tradicional Nguami Maka, e o requisitado percussionista Dalú Roger tem como grande motivo garantir uma percussão característica, que realça as nuances do Semba e da Rebita.