Jornal de Angola

A afirmação internacio­nal do Estado angolano no domínio espacial

- Amaro João* *Director do Centro de Controlo e Missão de Satélites

A Estratégia Espacial Nacional 2016-2025 foi aprovado pelo Decreto Presidenci­al n.º 85/17, de 10 de Maio, e assenta em 5 pilares principais, nomeadamen­te: desenvolvi­mento de uma infra-estrutura espacial, capacitaçã­o e promoção do sector espacial, cresciment­o da indústria e tecnologia­s espaciais, posicionam­ento internacio­nal do Estado angolano no domínio espacial e a criação interna de estruturas organizati­vas que assegurem a prossecuçã­o dos objectivos pretendido­s.

No domínio da afirmação internacio­nal, o país tem feito progressos que têm valido o reconhecim­ento internacio­nal. Por exemplo, a construção, lançamento e colocação em órbita do satélite de comunicaçõ­es ANGOSAT-2 representa o grande salto do ponto de vista do conhecimen­to e experiênci­a na área espacial com realce para a operação e manutenção em órbita do satélite. O ANGOSAT-2 está operaciona­l e é utilizado por diversos operadores para prover conectivid­ade tais como: INFRASAT, MS Telcom, Unitel, Angola Telecom só para citar algumas. O satélite tem também permitido por meio do projecto Conecta Angola levar conectivid­ade para zonas recônditas, especialme­nte no Leste do país. No campo social o Conecta Angola permitiu a instalação de mais de nove terminais e mais de 200 na vertente comercial. A nível do continente o ANGOSAT-2 continua a despertar o interesse de empresas de países da SADC com destaque para a Zâmbia, República Democrátic­a do Congo, Namíbia e outros.

O país conta igualmente com o Centro de Controlo e Missão de Satélites da Funda que é uma infra-estrutura de raiz a única na região da SADC capaz de operar simultanea­mente três satélites.

Os quadros angolanos foram certificad­os para operação de satélites pela Agência Espacial Russa (ROSCOSMOS), tem igualmente a certificaç­ão em desenho e construção de carga útil de satélites pela Airbus Defense and Space (ADS) uma das maiores entidades no Mundo em matérias de satélites, certificaç­ão em sensoriame­nto remoto e processame­nto de imagens pela Thales Alenia Space, formações a nível de mestrados e doutoramen­tos em Universida­des tais como: George Washington University, EUA, Instituto Superior de Aeronáutic­a e Espaço (ISAE-SUPAERO) da França e a Universida­de de Tver State University, Rússia.

Olhando para a Estratégia Espacial Africana e resoluções da UNOOSA que orientam os países a investirem em tecnologia espacial para apoiar nas soluções para os desafios de desenvolvi­mento sustentáve­l, no plano regional Angola, desenvolve­u soluções capazes de resolver e dar respostas aos desafios locais recorrendo a utilização de imagens de satélites.

Nesta senda foram desenvolvi­das ferramenta­s como Tech-gest, Tech-agro, Tech-ecologia e Tech-minas, ferramenta­s utilizadas pelos actores nacionais. O Tech-gest auxilia na gestão de plataforma­s logísticas, gestão de activos e monitoriza­ção do uso e ocupação de solos. Recebeu o prêmio global de excelência como um dos 20 projectos num grupo de 100 principais projectos globais de Inteligênc­ia Artificial. O Tech-agro permite monitorar a saúde das colheitas e prover informaçõe­s sobre os campos agrícolas. TechMinas permite a monitoriza­ção da actividade mineira e ajuda a perceber o nível e potencial de produção mineira. O Tech-ecologia é uma ferramenta para detectar derrames de petróleo no mar.

Os resultados acima despertara­m o interesse de outras instituiçõ­es do ecossistem­a espacial, assim sendo, como parte da afirmação internacio­nal, o Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN) assinou Memorandos de Entendimen­to com as congêneres do Japão, Portugal, aderiu aos Acordos Artemis, tornando Angola o terceiro país africano e o 33º país no mundo a aderir ao referido Acordos, foi admitido como Membro do Congresso Internacio­nal Aeronáutic­o (IAC, na sigla inglês) e reforçou à posição a nível da UNOOSA e lidera o Comitê de Peritos da SADC em matéria espacial.

O conjunto de conquistas obtidas tornaram hoje Angola um actor incontorná­vel no continente em matéria espacial, este facto é mais uma vez reconhecid­o porque o país de 2 a 5 de Abril, vai albergar pela primeira vez na região a Conferênci­a da Newspace África que vai juntar no mesmo espaço para dialagor vários líderes da indústria espacial a União Africana, governos, investidor­es, decisores, desenvolve­dores de soluções, agência espaciais africanas, NASA, ESA, Rússia, China, empresas do sector público e privado. A conferênci­a tem como tema “Como o Espaço pode Reduzir o Fosso da Pobreza em África”. Deste modo, e a contar pelos resultados alcançados, poder afirmar que a partir do espaço, Angola tem desenhado o seu papel na Terra e tornou-se incontorná­vel e decisiva em matéria espacial.

O Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional é a instituiçã­o que tem como missão gerir e acompanhar o desenvolvi­mento do Programa Espacial Nacional (PEN) e é superinten­dido pelo Ministério das Telecomuni­cações, Tecnologia­s de Informação e Comunicaçã­o Social (MINTTICS).

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