A vez de Angola
No actual contexto da crise global do cacau, em que até mesmo as exportações da Côte d’ivoire, principal fornecedor mundial, não apresentam sinais de recuperação, como Angola pode se beneficiar? A análise deve ser cuidadosa, especialmente considerando as preocupações de longo prazo acerca da disponibilidade de áreas para o cultivo de novas árvores de cacau, uma vez que as empresas alimentícias estão a aderir às novas regulamentações da União Europeia que proíbem a importação de commodities originadas em regiões recentemente desmatadas.
Durante a época colonial, o cacau de Angola já havia chamado a atenção internacional, sendo exportado de Cabinda, mais especificamente do município de Buku Zau, onde se produzia 1500 toneladas para a Holanda, pela empresa Panga Panga.
É de conhecimento geral que a estratégia do projecto de Cadeia de Valor Agrícola para a produção de cacau tem como objectivo transformar Cabinda num modelo de produção nacional. Essa intenção já levou representantes dos quatro municípios da província ao Ghana, o segundo maior produtor africano depois da Côte d’ivoire, para troca de experiências, não apenas na área de produção, mas também na de transformação.
Numa pesquisa recente realizada pela Associação Industrial de Angola em parceria com a Nestlé, foi constatado que Angola não apenas possui um território maior do que os dois principais países produtores de cacau, mas também apresenta condições de altitude e clima semelhantes.
Diante desse cenário e seguindo o princípio da Diversificação da Economia e das Exportações, devido à queda nas receitas do petróleo, iniciativas governamentais foram tomadas no sentido de promover o cultivo do café arábica, com apoio do INCA. Foi assim que surgiu a Federação RECAFÉ, com o objectivo de elevar Angola ao ranking mundial na produção de café, amêndoa de cacau, óleo de palma e amendoim, especialmente nas regiões de Cabinda, Zaire, Bengo, Cuanza -Sul, Cuanza-norte e Uíge.
No entanto, é crucial incentivar os pequenos produtores, integrando-os num programa de fomento do cacau que prevê a disponibilização de instrumentos de trabalho para empresas agrícolas familiares, a oferta de extensões de terra para empresários e o estabelecimento de indústrias de processamento de cacau de médio porte.