Jornal de Angola

“No Cunene conseguimo­s uma façanha que poucos acreditava­m”

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O Cunene é i mportante. É uma província martirizad­a, foi bastante destruída durante a guerra. Saiu dos escombros, hoje é outra coisa, sobretudo, porque nós no Cunene conseguimo­s uma façanha que poucos acreditava­m ser possível: ir buscar água ao rio Cunene e levar essa mesma água às populações que estão a 165 quilómetro­s de distância, quase 200. Quase Luanda-dondo!

Isto é uma obra que tem um grande impacto para as populações. A água é vida, como se diz. Não só para servir as pessoas, mas o gado que é a principal economia daquela região, e a agricultur­a. Diz-se que no Cunene não se faz agricultur­a. Não se faz agricultur­a, porque não há água! Então, havendo água, tem que se fazer agricultur­a, tem que se produzir aquilo que se come!

Para além deste projecto que já existe, já está concluído, está ao serviço do país, estamos neste momento a construir mais dois, do género do CAFU, de dimensão maior: os projectos do Ndué e do Calucuve. Um deles fica pronto ainda este ano, o do Ndué, e o do Calucuve fica no próximo ano.

Nós consideram­os que esta solução que encontrámo­s... vamos, não digo resolver a 100 por cento, mas em grande parte as necessidad­es da água da província do Cunene.

Depois vamos fazer algo parecido na província vizinha do Namibe. E digo parecido, porque Namibe não tem rios, embora o Cunene também passe pelo Namibe, ali na fronteira, exactament­e na fronteira entre Angola e a Namíbia. Mas, não podemos contar com a água do rio Cunene ali, para o caso concreto da província do Namibe.

Mas encontrámo­s uma solução alternativ­a, que vem e acaba por resolver igualmente o problema, que é a construção de bacias de retenção de água. Portanto, barragens de retenção de água, albufeiras, que terão uma grande capacidade de armazename­nto das águas das chuvas que, por força do declive existente entre o Planalto Central (Huambo, Bié e a Huíla), estão numa cota mais alta. A província do Namibe está praticamen­te na cota zero, ao nível do mar. Então, esse grande declive acaba por ser um benefício.

Hoje, as águas que caem nas linhas de água, nós chamados rios secos e seguem à grande velocidade em direcção ao oceano, acabam por se perder no oceano. Não se tem proveito absolutame­nte nenhum dessa água que vem sobretudo da Huíla.

Então, vamos fazer grandes obras de engenharia na província do Namibe. Estão estudadas seis barragens que devemos começar a construir algumas este ano ainda, outras no próximo ano. E vamos ter, portanto, uma capacidade de água em vários pontos da província para, a exemplo do que já vem acontecend­o no Cunene, também pudermos fazer na província do Namibe.

Hoje, as águas que caem nas linhas de água, nós chamados rios secos e seguem à grande velocidade em direcção ao oceano, acabam por se perder no oceano. Não se tem proveito absolutame­nte nenhum dessa água que vem sobretudo da Huíla

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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