Jornal de Angola

Estrela da música africana foi a atracção do Kriol Jazz Festival

O artista tem a malograda Cesária Évora como a maior referência da música de Cabo Verde, com quem gravou o sucesso mundial “Yamore”

-

Festival (KJF) encerrou ontem com a actuação da principal estrela maliana Salif Keita. Considerad­a a estrela maior da música africana da actualidad­e, volta a actuar hoje, na cidade do Mindelo, terra natal de Cesária Évora, com quem gravou o sucesso mundial "Yamore".

“Esta é a minha segunda viagem a Cabo Verde, a primeira foi no âmbito da minha colaboraçã­o musical com a minha `irmã´ Cesária (desejolhe paz), e tenho muito boas recordaçõe­s disso. Desta vez, venho para dois espectácul­os. Há muito tempo que ansiava estar em palco no Festival Kriol Jazz. Este país tem um lugar especial no meu coração”, disse o artista à imprensa cabo-verdiana.

O artista tem a malograda Cesária Évora como a maior referência da música de Cabo Verde. Em 2002, os artistas gravaram o single “Yamore”, que conta actualment­e com mais de seis milhões de visualizaç­ões no Youtube.

“Cesária Évora t i nha muita sensibilid­ade, achei muito familiariz­ada com a música africana. Ela não ficou surpresa comigo, mas eu fiquei surpreso com o seu t alento, porque ela era genial”, reforçou o artista. Salif Keita gravou o seu último

disco, “Un Autre Blanc”, em 2018, e aos 74 anos ainda continua activo na música a realizar concertos. “Para mim, a música é um medicament­o, e se não fosse ela não estaria aqui”, afirmou.

A actuação de Salif Keita foi uma das mais aguardadas da 13ª edição do Kriol Jazz e aconteceu no final da noite de ontem, na Praça Luís Camões. Hoje, o maliano vai actuar no Mansa Marina Hotel, em Mindelo, e vai partilhar o palco com a caboverdia­na Ceuzany.

Um dos mais aclamados cantores do mundo, Salif Keita está em Cabo Verde desde o dia 4 de Abril, tendo enaltecido à imprensa local o talento da diva Cesária Évora.

Do elenco de ontem, constam o brasileiro Hermeto

Pascoal, o norte-americano Steve Coleman, o ghanense Santrofi, a banda cubana Afro Cuban Jazz, e de Cabo Verde, Tibau Tavares com Munganga Band da Áustria e Kriolatino projecto com músicos cubanos. Realizado na cidade da Praia, em Cabo Verde, o fest i val abriu na noite de quinta-feira com a homenagem ao músico cabo-verdiano Ney Fernandes.

Esta foi a 13ª edição do Kriol Jazz Festival, um evento produzido pela produtora Harmonia, em parceria com a Câmara Municipal da Praia, sendo o palco ideal para as sonoridade­s de inspiração crioula, originária­s de Cabo Verde, das Caraíbas, do Oceano Índico e de África, que interagem com tradições dos EUA e da Europa numa fusão de jazz crioulo.

Fundado em 2009, o KJF oferece uma programaçã­o musical de excelência, aberta a todos os continente­s, cuja riqueza e qualidade lhe garantiu a nomeação, em 2017, pela revista americana Songlines como um dos 20 melhores festivais do mundo.

Homenagem a Ney Fernandes

Ney Fernandes é um dos renomados artistas da música tradiciona­l de Cabo Verde, foi o grande homenagead­o da 13ª

edição do festival. A organizaçã­o produziu um espectácul­o no qual amigos, colegas e parentes prestam depoimento­s agradecend­o-lhe pelo contributo para a cultura daquele país.

Em declaraçõe­s à imprensa cabo-verdiana, Ney Fernandes afirmou que a iniciativa o faz sentir reconhecid­o pelo trabalho que vem desenvolve­ndo na área musical.

“Sinto-me valorizado pelo trabalho que tenho vindo a fazer nos últimos anos, principalm­ente num contexto em que percebo que as produções musicais têm estado em declínio. É necessário contribuir criando obras de qualidade capazes de influencia­r, principalm­ente a camada jovem, a abraçar a nossa cultura musical”, revelou o cantor.

Além de compositor, militar de formação na Jugoslávia, um dos fundadores, voz e baixista do grupo Voz di FARP, que mais tarde viria a dar origem aos Djarama e ainda e Cimbodiana. Ney Fernandes toca praticamen­te todos os instrument­os de corda, em particular o violão.

“Pisei o palco de Kriol Jazz na primeira edição com Mário Lúcio que é meu mentor e ainda era uma coisa bem menor e hoje estou a participar com meu próprio nome”, realçou.

Esta é a minha segunda viagem a Cabo Verde, a primeira foi no âmbito da minha colaboraçã­o musical com a minha `irmã´ Cesária (desejo-lhe paz), e tenho muito boas recordaçõe­s disso

 ?? FOTOS DR ?? Ney Fernandes o artista homenagead­o no evento
FOTOS DR Ney Fernandes o artista homenagead­o no evento
 ?? ?? Jorge Pedro (flautista), Armando Orbón e Soren Araújo músicos que representa­m o ecletismo e hibridismo do festival
Jorge Pedro (flautista), Armando Orbón e Soren Araújo músicos que representa­m o ecletismo e hibridismo do festival
 ?? ?? Salif Keita aos 78 anos de idade tem a música como medicament­o
Salif Keita aos 78 anos de idade tem a música como medicament­o

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola