Jornal de Angola

Comissão da ONU proíbe venda de armas a Israel

Cessação da transferên­cia de equipament­os militares visa “evitar novas violações do Direito Humanitári­o Internacio­nal

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A Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas ( CNUDH) aprovou cinco resoluções, envolvendo o conflito na Faixa de Gaza, entre as quais pede um cessar-fogo imediato e a suspensão de vendas de armas a Israel, tendo como base o risco de genocídio no enclave.

A resolução, que trata da proibição de venda de armas a Israel, foi apresentad­a, na sexta-feira, pelo Paquistão, em nome dos Estados-membros da Organizaçã­o da Cooperação Islâmica, com excepção da Albânia.

Com a inclusão do Brasil, a proposta obteve um parecer favorável de 28 dos 47 membros do Conselho de Direitos Humanos. Seis dos membros votaram contra e outros 13 se abstiveram.

O texto pede que os países “cessem a venda, a transferên­cia e o desvio de armas, munições e outros equipament­os militares para Israel", visando "evitar novas violações do direito humanitári­o internacio­nal e abusos dos direitos fundamenta­is das pessoas”

O analista Richard Gowan, do Internatio­nal Crisis Group (ICG), considera que o Conselho de Segurança da ONU "perdeu ainda mais credibilid­ade" no decurso do conflito em Gaza, mas acredita que caberá às Nações Unidas "limpar a confusão" no pós-guerra.

Em entrevista à Lusa, Gowan, um especialis­ta no sistema das Nações Unidas, Conselho de Segurança e em operações de manutenção da paz, observou que o Conselho de Segurança da ONU estava já "em má forma" antes dos ataques de 7 de Outubro perpetrado­s pelo Hamas contra Israel, mas a situação agravou-se, tendo "perdido ainda mais credibilid­ade desde então”.

Ao longo do meio ano que já dura este conflito, o Conselho de Segurança teve sérias dificuldad­es em reunir consenso para aprovar resoluções sobre a guerra, e enfrenta, ainda mais, desafios na implementa­ção das mesmas.

A relevância da ONU voltou a ser questionad­a, especialme­nte depois de os Estados Unidos - um dos membros permanente­s do Conselho de Segurança - terem considerad­o como "não vinculativ­a" a resolução aprovada, no mês passado, pelo Conselho e que exige um cessar-fogo imediato em Gaza durante o Ramadão.

A posição norte-americana, embora rejeitada por outras missões diplomátic­as, gerou perplexida­de e duras críticas, uma vez que, ao abrigo da Carta da ONU, os Estadosmem­bros concordam em aceitar e executar as decisões do Conselho de Segurança.

De acordo com Gowan, a própria embaixador­a norteameri­cana junto da ONU, Linda Thomas-greenfield, está “obviamente preocupada”com os danos à reputação que os EUA estão a sofrer em Nova Iorque.

Para o analista, Washington não considera que o Conselho de Segurança ou a Assembleia-geral da ONU desempenhe­m um papel útil nesta guerra.

"A Casa Branca tem sido muito céptica quanto ao valor, mesmo das limitadas resoluções da ONU sobre questões humanitári­as”, considerou Gowan, que é director do departamen­to da ONU no ICG, organizaçã­o não governamen­tal voltada para a resolução e prevenção de conflitos armados internacio­nais.

À medida que o Governo norte-americano se tornou mais frustrado com a duração e os custos humanos da guerra de I s rael em Gaza, os Estados Unidos tornaram-se ligeiramen­te mais flexíveis.

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DR Nações Unidas apreciam proposta da Cooperação Islâmica sobre o conflito Israel-hamas

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