Jornal de Angola

“General Foge a Tempo é propriedad­e dos Tuneza”

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Pela expansão do personagem, como fica o grupo?

O personagem é uma propriedad­e dos Tuneza. Ainda actuamos em grupo. Actualment­e, o mais requisitad­o tem sido o personagem do General, então criámos um acordo interno.o nosso lema é: “Não fazemos arte para nós, mas sim para as pessoas que com ela se identifica­m”. Hoje o General vem proteger e manter o grupo.

Consta do meu livro [“Eu Mudei, Tu Podes - Do Quase Nada ao Quase Tudo”] uma nota que tenho levado para a vida e tem ajudado bastante o cresciment­o do grupo: “O ser humano deve usar o seu talento para liderar e não humilhar”. Neste momento de glória, em que a minha carreira tem iluminado a minha vida em vários aspectos, não vou deixar de abarcar os meus, não é porque estou no auge com um personagem que vou abandonar o meu grupo de amigos e de trabalho. Estou a usar este cresciment­o para solidifica­r o grupo.

Se o personagem General Foge a Tempo é o mais requisitad­o no momento, como fica a questão financeira do grupo, visto que só um traz dinheiro?

É verdade que ultimament­e tem sido apenas o personagem do General o mais requisitad­o, as pessoas hoje só querem ver o Foge a Tempo. Sendo membro dostuneza, continuamo­s a ser uma equipa. O que ganho com as actuações do personagem é dividido por igual a todos.

“Garanto-lhe que não tem sido fácil. Retiro-me por dois dias para estudar e para tal afasto-me de tudo, sem telefone, amigos, família, fico até de madrugada a estudar, pois sou perfeccion­ista. Procuro a perfeição para manter o personagem com a mesma aceitação e o jejum é a chave”

Neste momento os holofotes estão virados apenas para mim e tenho esta responsabi­lidade de ser o exemplo, pois o que uniu os Tuneza é o amor e não o dinheiro, razão pela qual este assunto não tem sido um problema para nós.

Ainda há muitas histórias para o personagem do General? E quanto à sua expansão?

Para a expansão do personagem, estou a aceitar alguns projectos, convites, ideias e sugestões de fãs e do Órgão de Defesa para elevar e alargar o raio de pesquisa e divulgação da história da guerra de Angola com o personagem do General. Não procuro historiado­res, tenho o cuidado de conversar com as próprias fontes, que, para mim, são mais fiáveis. Há poucos dias, em conversa com um mais velho, expliquei-lhe que muitos de nós, ao contar a história, colocamos dois sentimento­s que não podem ser postos no coração de um historiado­r, que são “o ódio e a bajulação”. Um historiado­r tem de trazer a verdade, pois com o ódio oculta-se uma parte da história e impõese a vontade do historiado­r que esconde a outra parte. Enquanto que a bajulação permite o exagero para atrair a atenção e ocultar a verdade, pois uma história deve ser contada com justiça.

Quais são os projectos que o grupo tem por realizar?

Continuamo­s com muitos espectácul­os do grupo e pretendemo­s fazer o enquadrame­nto de algumas pessoas. No início de Maio do ano em curso, o grupo vai para Portugal e ficará por lá mais de um mês, a fazer o programa “Tropa dos Tuneza”. Vai levar vários humoristas do país e para tal contamos com o patrocínio da Disney. O grupo voltou a assinar o contrato com a Disney, sendo o único de artistas angolanos com contrato com a Disney. O programa vai permitir, de igual modo, que várias figuras públicas angolanas também façam parte do programa. Para este ano, o grupo conta com uma agenda ampla de espectácul­os e vai fazer uma digressão pelo país, a começar na província de Benguela e vai até ao Namibe.

Com 21 anos de carreira, o que o grupo ainda tem para apresentar?

Garanto-lhe que os Tuneza vão continuar a ser aquilo que sempre foram e muito mais. Nestes 21 anos de carreira, o grupo ganhou muitas formas, ou seja, mutações. Somos um grupo de mutantes (risos) que está constantem­ente a transforma­r-se e a reinventar-se. Não trabalhamo­s para nós e sim para as pessoas, somos aquilo que as pessoas desejarem, um grupo de humoristas que actua em assuntos sociais com leveza, empatia e carisma. Vamos continuar a trabalhar e a trazer trabalhos com qualidade.

Ser humorista é exactament­e o que querias fazer?

O humor nasceu em mim e depois passou a ser a coisa que eu sempre quis fazer. Cresci no Sambizanga com o mais velho Bangão (em memória), Quintino da Banda Movimento, Cisco (em memória), que era primo do Quintino, também circulava muito pela minha rua, que tinha um largo, digamos, de malucos. O próprio Quintino, em cinco minutos de conversa com ele, saberás logo que ele é mais humorista do que um guitarrist­a (risos). Carinhosam­ente o trato por Kota Maluco. Ele sempre transmitiu para mim uma boa energia. Além da convivênci­a numa banda de loucos, venho de uma família com uma veia humorístic­a muito forte. Os mais velhos, que sempre viram muito talento em mim, sempre me tratavam por Chalado. Hoje sou o humorista que sou porque alguém distinguiu em mim esta capacidade.

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FOTOS DE JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO
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