Jornal de Angola

Líder das forças rebeldes aberto a um cessar-fogo

Nações Unidas afirmam que a guerra deslocou 8,5 milhões de pessoas, matou cerca de 15 mil e colocou 18 milhões à fome

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do grupo paramilita­r Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), Mohamed Hamdan Dagalo, reagindo à pressão internacio­nal, disse estar empenhado no estabeleci­mento de um cessarfogo no Sudão, numa altura em que as suas forças dizem ter o controlo quase total do estado de Cartum.

“Apesar do nosso controlo do Darfur (Oeste), do estado de Al Gezira (Leste), de partes do Kordofan (Centro) e da maior parte do estado de Cartum, reitero total disponibil­idade para observar um cessar- f ogo em t odo o Sudão”, disse Dagalo, num discurso proferido em alusão, háumano deco nflito armado, em que enfrenta as forças do Exército.

O líder paramilita­r, que já tinha apelado, anteriorme­nte, a uma trégua face aos avanços militares do Exército, nomeadamen­te em Cartum, afirmou que o cessar-fogo serviria para garantir o acesso humanitári­o à população sudanesa. Segundo a ONU, a guerra deslocou 8,5 milhões de pessoas, matou cerca de 15 mil civise colocou 1 8 milhões de pessoas à beira da fome, enquanto outros 25 milhões dependem da ajuda humanitári­a.

No entanto, várias organizaçõ­es denunciara­m que ambas as partes estão a utilizar a ajuda humanitári­a como arma de guerra, pois enquanto o Exército impede a sua entrada nas zonas controlada­s pelas RSF, os paramilita­res pilham armazéns e privaram a população da pouca ajuda que chega ao país.

Dagalo afirmou que uma eventual t régua abriria caminho a negociaçõe­s políticas para se chegar a uma solução global que conduza ao estabeleci­mento de um Governo liderado por civis, a fim de “guiar o país no sentido de uma transição democrátic­a e de uma paz duradoura”. “Embora continuemo­s empenhados na procura da paz e de uma solução política negociada, não hesitaremo­s em defender-nos e em confrontar o antigo regime e os seus elementos aliados”, advertiu o líder paramilita­r, cujas forças foram acusadas por várias organizaçõ­es nãogoverna­mentais (ONG) de terem cometido crimes contra a humanidade durante o ano passado. O líder paramilita­r insistiu que “a guerra nunca foi uma opção para a s RSF ” e que o grupo defende o estabeleci­mento de um “Governo civil democrátic­o liderado por forças genuínas de todas as regiões do Sudão”, indicando que as suas forças apoiam “todas as iniciativa­s” de paz.

As RSF e o Exército planearam, em conjunto, um golpe de Estado, em 2021, contra o Governo civil do Sudão, que surgiu após a queda do então Presidente Omar al-bashir, que liderou o país durante três décadas.

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DR Dagalo diz que as forças paramilita­res aceitam negociaçõe­s para depor as armas no Sudão

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