Retirada do “Jacaré Bangão provoca pesadelos aos populares e cria protestos
Populares encontrados no pequeno mercado do Porto Kipiri, junto ao desvio que dá acesso ao local onde se encontrava anteriormente o Monumento do Jacaré Bangão, na sua maioria moradores dos bairros Kijanda, Bengla e Sungui, argumentaram que parte do pessoal envolvido na sua retirada não dormia em condições, tinha pesadelos resultantes do referido processo. Verdade ou não, pelo menos foi o que contaram à nossa reportagem
Kipiri, terra natal do e intérprete Barceló de Carvalho “Bonga”, embaixador da música angolana no exterior, e de outras figuras locais, ligadas ao universo da música, das letras, das artes plásticas e cénicas, já foi um dos mais privilegiados destinos dos visitantes do país e do estrangeiro, tornando-se ainda mais atraente nas décadas de 80 e 90 pela história, mitos e verdades sobre o “Jacaré Bangão”, que foi pagar imposto, numa atitude intimidatória à administração colonial, na vila de Caxito, actual sede da província do Bengo. Curiosamente, a recente transferência do seu monumento daquele local para o Sassa Povoação, em Caxito, está a despoletar reacções de protestos no seio da comunidade, especialmente dos bairros Kifanda, Bengla e Sungui, e outros músico,compositor por onde passámos, clamando pela devolução do réptil, alegando que este, quando foi pagar imposto, partiu do Kipiri para Caxito e não do Sassa para Caxito. Inconformados com a medida, populares da circunscrição, localizados no pequeno mercado do Porto Kipiri, junto ao desvio que dá acesso ao local onde se encontrava anteriormente o Monumento do Jacaré Bangão, na sua maioria dos bairros já referenciados, argumentaram que a ignorância, por parte do pessoal envolvido na sua retirada, fez com que muitos não dormissem em condições, face aos pesadelos que tinham, resultantes do referido processo. Verdade ou não, pelo menos foi o que contaram à nossa reportagem.
Temendo por uma eventual distorção quanto à história da localidade, assim como do Jacaré Bangão, os populares desafiam os governantes a devolver o réptil e produzirem cartilhas para as escolas e público, de modo a preservar a sua história, tal como é registada, sob pena de se enganar as novas e as gerações vindouras no que ao acontecimento diz respeito.
Jornada
A nossa jornada no Porto Kipiri começou precisamente às 11 horas e 15 minutos, no triângulo localizado na antiga ponte entre Porto Kipiri e a Açucareira de Caxito, com observações e contactos no local.
Posteriormente, seguimos para o recinto de onde foi retirado o emblemático monumento do Jacaré Bangão. Mas, antes de lá chegarmos, um enorme matagal chamava a nossa atenção. Era a faixa principal de acesso ao interior, cheio de arbustos impedindo a visibilidade. Entrámos. Surpresa maior foi a recepção que tivemos das anfitriãs “moscarias” no interior. Enquanto circulávamos ponto a ponto, socorríamo-nos dos nossos blocos de apontamentos para as enxotar.
Verdade seja dita, o espaço não tinha quaisquer sinais que indiciavam a existência ou retirada do monumento. Era apenas uma mata, com a vegetação a cobrir tudo quanto é canto e algumas armadilhas dos populares, mais além, à espera das suas presas.