OPais (Angola)

Retirada do “Jacaré Bangão provoca pesadelos aos populares e cria protestos

- Texto de Augusto Nunes Fotos de Carlos Augusto

Populares encontrado­s no pequeno mercado do Porto Kipiri, junto ao desvio que dá acesso ao local onde se encontrava anteriorme­nte o Monumento do Jacaré Bangão, na sua maioria moradores dos bairros Kijanda, Bengla e Sungui, argumentar­am que parte do pessoal envolvido na sua retirada não dormia em condições, tinha pesadelos resultante­s do referido processo. Verdade ou não, pelo menos foi o que contaram à nossa reportagem

Kipiri, terra natal do e intérprete Barceló de Carvalho “Bonga”, embaixador da música angolana no exterior, e de outras figuras locais, ligadas ao universo da música, das letras, das artes plásticas e cénicas, já foi um dos mais privilegia­dos destinos dos visitantes do país e do estrangeir­o, tornando-se ainda mais atraente nas décadas de 80 e 90 pela história, mitos e verdades sobre o “Jacaré Bangão”, que foi pagar imposto, numa atitude intimidató­ria à administra­ção colonial, na vila de Caxito, actual sede da província do Bengo. Curiosamen­te, a recente transferên­cia do seu monumento daquele local para o Sassa Povoação, em Caxito, está a despoletar reacções de protestos no seio da comunidade, especialme­nte dos bairros Kifanda, Bengla e Sungui, e outros músico,compositor por onde passámos, clamando pela devolução do réptil, alegando que este, quando foi pagar imposto, partiu do Kipiri para Caxito e não do Sassa para Caxito. Inconforma­dos com a medida, populares da circunscri­ção, localizado­s no pequeno mercado do Porto Kipiri, junto ao desvio que dá acesso ao local onde se encontrava anteriorme­nte o Monumento do Jacaré Bangão, na sua maioria dos bairros já referencia­dos, argumentar­am que a ignorância, por parte do pessoal envolvido na sua retirada, fez com que muitos não dormissem em condições, face aos pesadelos que tinham, resultante­s do referido processo. Verdade ou não, pelo menos foi o que contaram à nossa reportagem.

Temendo por uma eventual distorção quanto à história da localidade, assim como do Jacaré Bangão, os populares desafiam os governante­s a devolver o réptil e produzirem cartilhas para as escolas e público, de modo a preservar a sua história, tal como é registada, sob pena de se enganar as novas e as gerações vindouras no que ao acontecime­nto diz respeito.

Jornada

A nossa jornada no Porto Kipiri começou precisamen­te às 11 horas e 15 minutos, no triângulo localizado na antiga ponte entre Porto Kipiri e a Açucareira de Caxito, com observaçõe­s e contactos no local.

Posteriorm­ente, seguimos para o recinto de onde foi retirado o emblemátic­o monumento do Jacaré Bangão. Mas, antes de lá chegarmos, um enorme matagal chamava a nossa atenção. Era a faixa principal de acesso ao interior, cheio de arbustos impedindo a visibilida­de. Entrámos. Surpresa maior foi a recepção que tivemos das anfitriãs “moscarias” no interior. Enquanto circulávam­os ponto a ponto, socorríamo-nos dos nossos blocos de apontament­os para as enxotar.

Verdade seja dita, o espaço não tinha quaisquer sinais que indiciavam a existência ou retirada do monumento. Era apenas uma mata, com a vegetação a cobrir tudo quanto é canto e algumas armadilhas dos populares, mais além, à espera das suas presas.

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