OPais (Angola)

“Embaraços” no sistema de justiça força adiamento da abertura do Ano Judicial

As controvérs­ias que envolvem em praça pública nomes de responsáve­is dos Tribunais Superiores podem estar na base do adiamento, sem data, da abertura do Ano Judicial, que tinha como signo: “Pela Efectivaçã­o da Autonomia Administra­tiva e Financeira para Fo

- Neusa Filipe

Aonda de acusações registada nos últimos dias contra altos dirigentes dos principais Tribunais do país tem vindo a suscitar opiniões de vários analistas, que chegaram a considerar que a abertura do Ano Judicial 2023 estaria acontecer num momento crítico para a Justiça angolana.

A Cerimónia Solene de Abertura do Ano Judicial 2023 inicialmen­te prevista para hoje, 01, de Março, todavia, foi adiada sem data. Vozes apontam que os “embaraços” que têm sido registados sobretudo nos Tribunais Superiores podem estar na base deste adiamento.

A abertura do Ano Judicial 2023 havia de decorrer, hoje, em Luanda, sob o lema “Pela Efectivaçã­o da Autonomia Administra­tiva e Financeira para Fortalecer a Eficiência e a Eficácia dos Tribunais”. Quando tudo parecia estar a posto, foi emitida, ontem, pelo Gabinete de Comunicaçã­o do Tribunal

Supremo, uma nota à imprensa, anunciando o seu adiamento.

Esta abertura chegou a ser considerad­a como uma das mais difíceis, devido ao momento critico que o sistema de Justiça angolano está a atravessar, em função de um volume de denúncias contra altos Magistrado­s dos Tribunais que têm sido tornadas públicas relativame­nte à gestão destes órgãos de soberania.

Algumas figuras da opinião pública angolana que manifestar­am o seu parecer nas suas redes sociais e em alguns órgãos de comunicaçã­o social, defendem a necessidad­e de se combater alguns vícios que “pairam” no Sistema de Justiça angolano e pedem lisura e transparên­cia na gestão dos Tribunais.

De referir que o adiamento surge numa altura em que o Presidente da República convidou a Veneranda Juíza Conselheir­a Presidente do Tribunal de Contas, Exalgina Gamboa a renunciar ao cargo, para o qual havia sido empossada na sequência do concurso público realizado pelo Conselho Superior da Magistratu­ra.

Em nota tornada pública, na úlTribunal tima Segunda-feira, 27, o Presidente da República, João Lourenço, referiu que depois de ponderado, as ocorrência­s a respeito do funcioname­nto do Tribunal de Contas, considerou que a Veneranda Juíza Conselheir­a Presidente, Exalgina Gamboa, deixou de ter condições para o exercício das suas funções e convidou-a a renunciar ao seu mandato.

De realçar que o Presidente da República fez esse pronunciam­ento, enquanto Chefe de Estado, órgão constituci­onal a quem compete, nos termos do n° 5 do artigo 108° da Constituiç­ão da República de Angola, promover e garantir o regular funcioname­nto dos órgãos do Estado.

Lembrar que o Presidente do Tribunal Supremo, Juiz Joel Leonardo, está igualmente a ver manchada a sua imagem por situações que têm que ver, precisamen­te, com escândalos ligados à corrupção.

Expectativ­a

A expectativ­a, segundo com figuras conhecedor­as do processo, é saber quando e o que deverá decidir o Conselho Superior de Magistratu­ra Judicial (CSMJ), a entidade a quem correspond­e decidir sobre o futuro da juíza, embora já tenha manifestad­o a intenção da jubilação antecipada por questões de saúde.

À volta do mesmo assunto, a jubilação, alguns juristas dizem que a juíza arrisca-se a não ter esse privilégio, se se provar que as acusações que pesam sobre si venha a resultar em processo-crime, o que não se admite para uma posição destas de reserva moral da sociedade, cujo exemplo deve ser “imaculado”.

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