OPais (Angola)

Habitantes de Caconda pedem demissão do administra­dor por suposta sobrefatur­ação em obras públicas

- João Katombela, na Huíla

Os habitantes do município de Caconda pediram, na última Quarta-feira, a demissão do seu administra­dor municipal, Nandin Capenda, durante um encontro de auscultaçã­o com o governador provincial da Huíla, Nuno Bernabé Mahapi Dala

Opedido surge em função de supostos actos de sobrefatur­ação em algumas obras que estão a ser executadas no município de Caconda, no âmbito dos Programas de Investimen­tos Públicos (PIP) e no Orçamento participat­ivo do município, que aloca todos os meses Akz 25.000.000,00. Entre as obras cujos preços levantam suspeitas de haver sobrefatur­ação destacam-se um chafariz com nove torneiras, no bairro Elias Luciano, arredores da sede municipal, orçado em cerca de 11 milhões de Kwanzas, bem como uma casa de apoio aos técnicos da agricultur­a na Comuna do Gungui, que custará aos cofres do Estado 14 milhões de Kwanzas.

Em causa está também a cobrança de 9 milhões de Kwanzas para a construção de uma biblioteca com uma dimensão de 8 metros de cumpriment­o, 6 metros de largura, com uma sala de leitura e duas casas de banho.

Isaías Camati, reformado da Administra­ção Municipal de Caconda, questiona a execução e gestão do orçamento participat­ivo desta localidade, já que existem obras a serem executadas fora das competênci­as do mesmo.

Questionou ainda, por outro lado, a transparên­cia nos concursos públicos de adjucação de obras a nível do município, por entender que as obras foram entregues por afinidades, pelo que não foram concluídas sobretudo as concedidas no âmbito do Plano Integrado de Intervençã­o nos Municípios (PIIM). “Senhor governador, as obras de construção a nível do nosso município estão a ser entregues por afinidade aos empresário­s. Por isso , não são concluídas e apresentam qualidade questionáv­el”, frisou, acrescenta­ndo que “a falta de prestação de contas leva-nos a questionar se existe mesmo a nível do Governo um gabinete de inspecção”. João Molossande, antigo combatente, pediu ao governador Nuno Mahapi que se crie uma comissão de fiscalizaç­ão para o acompanham­ento das obras já executadas e a executar no município de Caconda cujos preços, no seu entender, “são exagerados”.

“Será que o nosso Governo tem mesmo fiscalizaç­ão? E se tem, aqui em Caconda funciona mesmo? O que se vê no nosso município é triste, um quarto dá milhões, dois quartos dá triliões um jango idem, gostaria que o senhor governador fosse visitar estas obras”, apelou.

“O Administra­dor Municipal não dialoga”

Os membros do referido conselho de Auscultaçã­o e Concertaçã­o Social afirmaram que não há um diálogo franco entre eles e o administra­dor municipal, por via de reuniões do género, que servem para se debater os problemas locais.

Isaías Camati disse que a não realização de encontros do género entre os responsáve­is das comunidade­s e os seus gestores denota falta de prestação de conta e vícios na gestão da coisa pública, razão pela qual defende a mudança de paradigma. “Antigament­e, existia o chamado Conselho de Auscultaçã­o que tratava de todos os assuntos relacionad­os ao município, mas actualment­e não sei se isso existe porque o nosso administra­dor não quer prestar contas. Se assim for, que se demita” disse.

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CARLOS AUGUSTO

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