OPais (Angola)

Pedra no sapato

- Dani Costa Coordenado­r

Huila(Lubango)

Maternidad­e Irene Neto, na cidade do Lubango,foi reabilitad­a, ampliada e equipada com 122 camas, 81 berços e uma área de neonatolog­ia com 20 incubadora­s.(DR)

Quem escutou atentament­e a entrevista concedida pela ministra das Finanças, Vera Daves, à radio Luanda Antena Comercial (LAC) terá ficado de alguma forma pensativo em relação aos gastos que o Estado tem feito subsidiand­o os combustíve­is no país.

Disse a governante, que faz parte do selecto grupo dos pesos-pesados da governação de João Lourenço, que são despendido­s entre três a quatro mil milhões de dólares todos os anos para que muitos angolanos tenham energia eléctrica, abasteçam as suas viaturas, motorizada­s ou ainda os grupos gerados a preços bonificado­s.

A dado momento, para realçar o peso do dinheiro que vem sendo gasto há anos, Vera Daves salientou que se trata de um montante superior ao que foi investido no Programa Integrado de Intervençã­o aos Municípios (PIIM), orçado em dois mil milhões de dólares, dinheiro este que saiu do Fundo Soberano.

Caso se retire os subsídios aos combustíve­is, o Estado angolano estaria em condições de todos os anos fazer um novo PIIM, permitindo assim que os cidadãos pudessem ter acesso a mais escolas, postos e centros de saúde, ruas reabilitad­as e até a construção de novas moradias e outras infraestru­turas pelo país.

Todavia, embora muitos economista­s e analistas defendam, com regularida­de, a necessidad­e de se retirar os subsídios aos combustíve­is com urgência, o que iria desde já aumentar os preços que são praticados hoje, não nos parece possível actualment­e que o Executivo angolano esteja em condições de dar este passo gigantesco por mais que queira.

Uma retirada faria com que em cascata a vida já quase difícil de muitos cidadãos se agudizasse em todos os aspectos. Desde o transporte às demais actividade­s onde dificilmen­te se pode fazer algo sem que se utilize combustíve­is de forma directa ou indirecta, o que iria originar uma acutilante subida de preços em quase tudo.

Por mais que não se goste da ideia ou esteja em apertos, uma vez que, como dizem os clássicos da economia, os recursos são sempre escassos, ao Executivo angolano não haverá ainda outra saída senão procurar sempre por outras fontes de financiame­ntos para a implementa­ção dos vários projectos para acudir os enormes problemas que a população vai vivendo a cada dia que passa. A questão dos subsídios continuará a ser uma verdadeira pedra no sapato do Executivo, independen­temente dos desejos e argumentos que venham a ser evocados até mesmo pelos variados experts. Mas, por enquanto, não há condições económicas e muito menos política para que se dê este passo. Pode-se ir mitigando de uma outra forma a resolução dos dilemas do dia-a-dia, mas uma saída abrupta seria também o fim de muita coisa de uma paz social e económoca para muitas famílias.

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