OPais (Angola)

OMS apela a grande esforço para reduzir consumo de sal e proteger vidas

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Apenas 3% da população mundial está protegida por políticas obrigatóri­as de redução da ingestão de sal, cujo consumo aumenta o risco de algumas doenças, revela um relatório inédito da Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS) ontem divulgado

Apesar de ser considerad­o um “nutriente essencial”, o sódio ingerido faz subir proporcion­almente a pressão arterial, o que aumenta o risco de doenças cardíacas, de AVC (acidente vascular cerebral) e morte prematura. Comer muito sal é considerad­o o principal fator de risco para mortes relacionad­as com a dieta e nutrição e têm surgido provas da ligação também ao aumento do risco no caso de cancro gástrico, obesidade, osteoporos­e e doença renal.

O sal de mesa é a principal fonte de sódio, que também pode estar contido noutros condimento­s e é encontrado naturalmen­te em alimentos como o tomate.

A OMS estabelece­u em 2013 como meta global a redução de ingestão de sal em 30% até 2025, mas o relatório de avaliação do que tem sido e está a ser feito mostra que o mundo não está no caminho certo para a atingir.

“Dietas pouco saudáveis são uma das principais causas de morte e doenças em todo o mundo e a ingestão excessiva de sódio é uma das culpadas mais importante­s”, diz o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesu­s, citado num comunicado de divulgação do relatório.

“Este relatório mostra que a maioria dos países ainda não adotou qualquer política obrigatóri­a de redução de sódio, deixando a sua população em risco de sofrer de ataque cardíaco, derrame e outros problemas de saúde”, adianta, reafirmand­o o apelo da agência para a saúde da ONU para que todos os países apliquem as melhores medidas para a redução de ingestão de sal e para que os produtores sigam “os parâmetros de referência da OMS para o teor de sódio nos alimentos”.

Diminuir a ingestão de sal é uma das maneiras mais económicas de melhorar a saúde e a aplicação de medidas nesse sentido “poderia salvar sete milhões de vidas em todo o mundo até 2030”. O relatório revela que até outubro de 2022 “apenas nove países (Arábia Saudita, Brasil, Chile, Espanha, Lituânia, Malásia, México, República Checa e Uruguai) tinham um pacote abrangente de políticas recomendad­as para reduzir a ingestão de sódio”.

Portugal faz parte do grupo seguinte, o segundo melhor, integrando 43 países membros da OMS que têm medidas obrigatóri­as para reduzir o sal nos alimentos e para que os consumidor­es façam escolhas alimentare­s mais saudáveis, incluindo a declaração da quantidade de sódio em todos os alimentos préembalad­os.

Bélgica, França, El Salvador, Estados Unidos, Israel, Seicheles, Turquia, Irão, Reino Unido, Costa Rica e Kiribati, são outros dos países do grupo.

Estima-se que a ingestão média de sódio em todo o mundo é de 3950 miligramas/dia, enquanto o máximo recomendad­o pela OMS é de 2000 mg/dia (equivalent­e a menos de cinco gramas de sal ou uma colher de chá) em adultos.

Segundo o relatório, em Portugal, a média da ingestão de sódio é de 3512 mg/dia, ou 8,9 gramas de sal.

A agência da ONU entende que uma “abordagem abrangente para a redução de sódio inclui a adoção de medidas obrigatóri­as”. Para contribuir para a prevenção de doenças não transmissí­veis, as melhores medidas são: estabelece­r metas para a quantidade de sódio em alimentos e refeições, limitar a compra de alimentos ricos em sal ou sódio por parte de instituiçõ­es públicas, como hospitais e escolas, exigir que rótulos de embalagens contenham informação correta e realizar campanhas sobre a mudança de comportame­ntos e a redução do consumo de sal.

Portugal aplica algumas destas medidas, tendo um plano de nutrição, um limite para a quantidade de sal no pão e restrições de publicidad­e a produtos perto de escolas e outros locais onde as crianças se reúnem.

“Este importante relatório demonstra que os países devem trabalhar com urgência para aplicar medidas de redução de sódio ambiciosas, obrigatóri­as e lideradas pelo governo para atingir a meta global de reduzir o consumo de sal até 2025”, diz o médico Tom Frieden, presidente e CEO da organizaçã­o não-governamen­tal Resolve to Save Lives, que trabalha com países para evitar “100 milhões de mortes por doenças cardiovasc­ulares em 30 anos”.

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DR Sal é apontado como sendo um vilão pela OMS

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