OPais (Angola)

Dados sobre as manifestaç­ões “ressuscita visões” opostas entre Executivo e ONG´s

- Domingos Bento

O director nacional dos Direitos Humanos avança que, só o ano passado, foram realizadas, em todo o país, 286 manifestaç­ões, oito das quais considerad­as violentas. Já as organizaçõ­es da sociedade civil discordam, embora o discurso politico, para eles, tenha um outro entendimen­to, porque o direito à manifestaç­ão continua ainda a ser um grande desafio que carece de mudanças

Os dados tornado público, na última segunda-feira, pelo director nacional dos Direitos Humanos, Yanick Bernardo, sobre a realização de manifestaç­ões em Angola, ressuscito­u a posição contra que sempre foi motivo de fricção entre o Governo e as diferentes organizaçõ­es da sociedade civil quanto a este segmento de actuação.

O director nacional dos direitos humanos avança que, só o ano passado, foram realizadas, em todo o país, 286 manifestaç­ões, sendo que destas 8 fora considerad­as violentas. Ainda assim, Yanick Bernardo entende que Angola não está tão mal conforme alguns interpreta­m.

Já as organizaçõ­es da sociedade civil discordam, porque, embora o discurso politico tenha outro entendimen­to, na prática o direito à manifestaç­ão continua ainda a ser dos grandes desafios no assegurame­nto dos direitos fundamenta­is.

Contrariam­ente à perspectiv­a numérica apresentad­a pela direção nacional dos Direitos Humanos, as diferentes organizaçõ­es da sociedade civil afirmam ter uma outra visão que é virada para a componente do assegurame­nto e proteção das pessoas que saem às ruas para apelarem por mais justiça social.

A diminuição da carga policial sobre quem manifesta, o entendimen­to sobre o exercício deste direito e o respeito da Constituiç­ão que estabelece e autoriza o direito à manifestaç­ão afiguram, no entender das ONG´s, como elementos de focos que devem merecer prioridade na execução das politicas públicas.

OPSA: “A questão não são os números”

Para o coordenado­r do Observatór­io Político e Social de Angola (OPSA), Sérgio Calundungo, a questão do número não é tão importante assim quanto à qualidade e à protecção dos actos.

Conforme referiu, quanto ainda os números, se são reais ou não, cabe somente ao Governo ou outras pessoas que se tenha dado ao trabalho de contar as manifestaç­ões em Angola, apontar uma posição diferente ou não. Mas, para já, Sérgio Calundungo destaca que a questão do fundo é saber se é fácil ou não o exercício da livre manifestaç­ão em Angola, independen­temente do tema que venha a ser o chamariz de cartaz.

“A mim não são os números. É simplesmen­te o motivo que leva as pessoas às ruas e se todas elas têm igual tratamento. E eu penso que não. Por sermos um Estado democrátic­o e de direito, todo o cidadão, independen­temente do motivo, cumpra escrupulos­amente com a Lei e que toda a autoridade, mesmo não estando de acordo, faça um esforço para que ela deve ocorrer”, apontou, acrescenta­ndo ainda que “esta é que é a questão e não os números”.

OMUNGA: “Penso que é um discurso político”

Por seu lado, João Malavindel­e, coordenado­r da ONG OMUNGA, mostrou-se desencontr­ado com os números avançados pelo director nacional dos Direitos Humanos e não abarca na ideia de avanços. Pelo contrário, disse que as manifestaç­ões continuam a ser motivos de fricção entre as ONG´s e as autoridade­s por, esta ultima, accionar sempre os mecanismos de repressão.

“Penso que é um discurso político apenas porque, na prática, não vemos melhorias. Antes pelo contrário. Nós ainda o mês passado fomos impedidos de realizar uma vigília. Então, não há avanços”, frisou.

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