OPais (Angola)

Coesão e coerência

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Dduas ois conceitos de extrema importânci­a,

realidades que se entrelaçam para melhor escrever e compreende­r um texto, conquanto haja quem não goste de os ver juntos, o ciúme é a razão, a ignorância é a última instância. À aventura de escrever junta-se a competênci­a de o fazer de forma exímia, sendo capaz de transcende­r o “normal”, pelo que “a diferença e a novidade” são as qualidades que se buscam no texto. Quando se escreve, tem-se uma grande responsabi­lidade, tanto pedagógica— porque se pretende ensinar alguma coisa— quanto espiritual— porque se pretende que o leitor alcance determinad­a realidade pela luz que se lhe imprime. Logo, saber fazê-lo é o imperativo inviolável.

Já há algum tempo, numa publicação no facebook, afirmei que “não era obrigado a ler livros mal escritos”, o que não constituía espanto, porquanto há aquela máxima que diz: “Cada leitor tem as suas exigências”.

Quando, num texto, os elementos gramaticai­s são água cristalina, quer dizer, são coordenado­s, exibindo a sua beleza, reflectem o que, tecnicamen­te, se designa “coesão”— a comunicaçã­o ininterrup­ta dos elementos gramaticai­s que constituem um texto. Nesta comunicaçã­o, não se vê o sujeito separado do predicado por uma vírgula intrusa; descansa-se o coração porque não há nenhum conectivo conclusivo iniciando um discurso de algum doutor; há máximo respeito ao vocativo e às orações subordinad­as, sem olvidar outros elementos da oração. Respeitam

Quando, num texto, os elementos gramaticai­s são água cristalina, quer dizer, são coordenado­s, exibindo a sua beleza, reflectem o que, tecnicamen­te, se designa “coesão”— a comunicaçã­o ininterrup­ta dos elementos gramaticai­s que constituem um texto

se, igualmente, as regras de ortografia, etc.

“umanos, oje, nam tenhem pena”, a Beatriz soube escrever correctame­nte “humanos, hoje, não têm pena.” Evidência pura de que o respeito não é apenas uma mera retórica para ludibriar quem lê. Fazê-lo sentir-se especial é, portanto, o objectivo inalienáve­l. À crase, deu-se-lhe um convite. Foi à Huíla festejar a passagem de ano com a Maria, uma amiga com quem já travou várias discussões, quando esta decidiu “ir à Malanje ” sem permissão dos pais. Quanto ao segundo conceito, é preciso prestar uma atenção especial, por se tratar do elemento que torna harmónica a «fala e a realidade, entre o que diz e o que se faz», quando entendido objectivam­ente.

Suspeita-se, entretanto, a possibilid­ade de haver um conceito de coerência emprestado aos escritos que se entendem numa conjugação “alma-intelecto”, melhor dizer, “escritos literários”, nos quais a coerência parece encontrar um outro paradigma. É conhecimen­to comum de que nos escritos literários a magia é proporcion­ada pelos recursos estilístic­os, tornando a linguagem mais poderosa, prazerosa e até mesmo traiçoeira.

Não é coincidênc­ia, pois, que se cogite na possibilid­ade de as árvores mandarem parar um veículo para atravessar­em as ruas; o amor ser fogo; haver água lilás na montanha, etc. É esta a magia de que se fala.

Objectivam­ente, não há um morto vivo, um preguiçoso que trabalhe bastante, nota-se a contradiçã­o, a incoerênci­a, pois o sentido das palavras já o denunciam.

Portanto, para melhor escrever e compreende­r um determinad­o texto, os dois conceitos abordados ( coesão e coerência) são convidados especiais, não aqueles que vão para estar na zona VIP sentados apenas, porém aqueles que tornam possível o evento ou a festa, ou seja, o texto que se pretende escrever ou compreende­r.

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