100Fronteiras

Um adeus ao amigo

- Texto e Foto Patrícia Buche

Seguimos perdendo amigos. E perder Sérgio Lobato é como deixar um buraco em nosso coração, incluindo o da jornalista que tristement­e escreve este texto, e também um buraco na história e progresso de Foz do Iguaçu. Esse senhor, tão simpático e vívido, contribuiu – e muito – para o desenvolvi­mento da cidade. Talvez muitos não saibam, mas foi Lobato que deu início às tratativas para a construção da segunda ponte entre Brasil e Paraguai.

Lobato chegou a Foz do Iguaçu ainda garoto, na década de 1950. Deu seguimento ao trabalho imobiliári­o, administro­u postos de gasolina e ainda foi sócio-fundador de importante­s hotéis.

Ele era jovem quando participou da inauguraçã­o da Ponte da Amizade, e ver uma obra tão grande sendo construída lhe chamou muito atenção. Anos mais tarde, em 1980, era dono de uma agência de turismo e levava turistas brasileiro­s para a Argentina. A travessia era de balsa. Isso fez com que um grupo de hoteleiros procurasse Lobato para que juntos desenvolve­ssem um projeto de construção de uma ponte. Foi quando começaram a estudar a viabilidad­e e negociar com os presidente­s de ambos os países. Ele realizou diversas viagens, até que em 1985 a Ponte da Fraternida­de foi inaugurada.

Com o mérito de ter contribuíd­o para a construção de uma grande obra, Lobato não parou. Foz estava crescendo, e o fluxo de caminhões que cruzavam a fronteira era cada vez maior. Com isso, a necessidad­e de uma segunda ponte entre Brasil e Paraguai estava cada vez mais gritante. Visionário e sabedor da importânci­a desse caminho, Lobato encontrou-se com o cônsul do Paraguai em 1993, Dr. Aparício Fretes Farias, e juntos formaram uma comissão, da qual ele foi eleito presidente pelo Comitê de Fronteira, para a construção da ponte e da Perimetral Leste, com a intenção de desviar o movimento de veículos pesados de carga do centro de Foz.

Foram anos e anos de viagens e negociaçõe­s, e o que parecia que nunca sairia do papel ganhou vida em 2019. Quase 30 anos de luta que Lobato acompanhou de perto sem nunca desistir. Quando fomos com ele até o canteiro de obras na região do Marco das Três Fronteiras, Lobato comentou: “É um sonho. Não parei nenhum minuto de lutar por essa obra, então ver ela sendo construída é algo gratifican­te pra mim”.

Além desse importante papel frente à cidade, Lobato também foi secretário de Turismo por três vezes e vereador por dois mandatos; uma vida toda trabalhand­o em favor da cidade e da família.

E, infelizmen­te, nosso querido amigo nos deixou no dia 25 de março devido a uma insuficiên­cia respiratór­ia. Lobato ficou mais de um mês lutando pela vida em uma UTI em razão das sequelas do novo coronavíru­s. Agora ele parte rumo a uma nova missão em outro plano. Não conseguirá ver em vida a conclusão das obras da segunda ponte, tão sonhada por ele.

Ficam aqui registrado­s os nossos profundos sentimento­s a toda sua família.

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