Um adeus ao amigo
Seguimos perdendo amigos. E perder Sérgio Lobato é como deixar um buraco em nosso coração, incluindo o da jornalista que tristemente escreve este texto, e também um buraco na história e progresso de Foz do Iguaçu. Esse senhor, tão simpático e vívido, contribuiu – e muito – para o desenvolvimento da cidade. Talvez muitos não saibam, mas foi Lobato que deu início às tratativas para a construção da segunda ponte entre Brasil e Paraguai.
Lobato chegou a Foz do Iguaçu ainda garoto, na década de 1950. Deu seguimento ao trabalho imobiliário, administrou postos de gasolina e ainda foi sócio-fundador de importantes hotéis.
Ele era jovem quando participou da inauguração da Ponte da Amizade, e ver uma obra tão grande sendo construída lhe chamou muito atenção. Anos mais tarde, em 1980, era dono de uma agência de turismo e levava turistas brasileiros para a Argentina. A travessia era de balsa. Isso fez com que um grupo de hoteleiros procurasse Lobato para que juntos desenvolvessem um projeto de construção de uma ponte. Foi quando começaram a estudar a viabilidade e negociar com os presidentes de ambos os países. Ele realizou diversas viagens, até que em 1985 a Ponte da Fraternidade foi inaugurada.
Com o mérito de ter contribuído para a construção de uma grande obra, Lobato não parou. Foz estava crescendo, e o fluxo de caminhões que cruzavam a fronteira era cada vez maior. Com isso, a necessidade de uma segunda ponte entre Brasil e Paraguai estava cada vez mais gritante. Visionário e sabedor da importância desse caminho, Lobato encontrou-se com o cônsul do Paraguai em 1993, Dr. Aparício Fretes Farias, e juntos formaram uma comissão, da qual ele foi eleito presidente pelo Comitê de Fronteira, para a construção da ponte e da Perimetral Leste, com a intenção de desviar o movimento de veículos pesados de carga do centro de Foz.
Foram anos e anos de viagens e negociações, e o que parecia que nunca sairia do papel ganhou vida em 2019. Quase 30 anos de luta que Lobato acompanhou de perto sem nunca desistir. Quando fomos com ele até o canteiro de obras na região do Marco das Três Fronteiras, Lobato comentou: “É um sonho. Não parei nenhum minuto de lutar por essa obra, então ver ela sendo construída é algo gratificante pra mim”.
Além desse importante papel frente à cidade, Lobato também foi secretário de Turismo por três vezes e vereador por dois mandatos; uma vida toda trabalhando em favor da cidade e da família.
E, infelizmente, nosso querido amigo nos deixou no dia 25 de março devido a uma insuficiência respiratória. Lobato ficou mais de um mês lutando pela vida em uma UTI em razão das sequelas do novo coronavírus. Agora ele parte rumo a uma nova missão em outro plano. Não conseguirá ver em vida a conclusão das obras da segunda ponte, tão sonhada por ele.
Ficam aqui registrados os nossos profundos sentimentos a toda sua família.