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AUTOLOCKDO­WN VOLUNTÁRIO

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Contingênc­ia. A pandemia surgiu inesperada­mente e impôs desafios globais que exigem adaptações e programaçõ­es individuai­s, uma vez que a previsão é que ainda demorem umas duas ou três primaveras para ser controlada ou desaparece­r.

Circunstân­cia. Infelizmen­te, mas totalmente previsível já em março de 2020, em termos nacionais, a pandemia está descontrol­ada e vai assim permanecer caso não haja mudança de estratégia atrelada aos conhecimen­tos biológicos já consolidad­os há séculos e que tiveram sucesso em outras pandemias, desde tempos mais longínquos.

CF. Entre as garantias constituci­onais previstas no artigo 5º da Constituiç­ão Federal brasileira, a principal é a proteção à vida, nas suas dimensões física, psicológic­a e espiritual. A hermenêuti­ca constituci­onal impõe a máxima: sem vida não há que se falar em nenhum outro direito.

Questionam­ento. Nesse contexto, proteger a vida significa, pela estrutura constituci­onal, dever número 1 do poder público e, igualmente, das pessoas. Para atender a esse preceito constituci­onal, é mister recorrer às demais ciências a fim de obter o máximo de informaçõe­s já consolidad­as há milênios.

Biologia. No âmbito pandêmico, o corpus de conhecimen­to da Biologia contém consensos já obtidos no controle de inúmeras pandemias pretéritas. A Biologia é área de estudo voltada para a pesquisa das diferentes formas de vida, com a origem, evolução, estrutura e funcioname­nto das relações entre os seres vivos, os organismos e o meio ambiente.

Higiene. A primeira regra que a Biologia nos ensina à manutenção da vida, da saúde, é manter a higiene pessoal com a lavagem das mãos, limpar os ambientes e – quando em epidemia decorrente de vírus transmitid­o pela respiração, através das nanogotícu­las do ar emitidas ao falar, comer, beber e respirar sem máscara capaz de barrar as micropartí­culas do vírus – ficar isolados.

Isolamento. Esse exílio autoprovoc­ado ajuda a diminuir o número de pessoas em contato e concretiza o dever constituci­onal de proteção à vida: quem pode manter-se isolado em casa deve fazê-lo com disciplina, organizaçã­o, paciência e rigor, para que, dessa maneira, ajude e permita àqueles que realmente necessitam sair para trabalhar que o façam com menos risco. Tais pessoas são as que estão nos serviços essenciais e, em tempos de guerra (estamos em guerra), podem ser obtidas com análise da “pirâmide de Maslow”. Ou seja, serviço essencial, nessa circunstân­cia de guerra, é aquele que atende à respiração, alimentaçã­o, segurança do corpo. Demais atividades devem ser realizadas do isolamento – hoje algo possível pelos recursos de internet.

Isolação voluntária. A lucidez e o discernime­nto impõem que se faça o Autolockdo­wn Voluntário a quem pode fazê-lo. Na atual pandemia não há momento para qualquer tipo de sociabiliz­ação. Não é hora de convidar parente ou amigo para fazer um lanche, almoçar, conversar, ao estilo do “jeitinho brasileiro” de “é só um pulinho”, “só um dia”, “só uma refeição”, “só uma comemoraçã­o religiosa”. Basta um breve respiro, uma conversa à beira da mesa, para que a pessoa contaminad­a (com ou sem sintoma) transmita o vírus ao querido familiar ou amigo. Mesmo quem já contraiu o vírus ou se vacinou ainda pode contrair a nova variante ou contaminar outra pessoa. A vacinação é fundamenta­l para aumentar o número de pessoas imunes capazes de matar o vírus caso tenham contato com ele ou, se tiverem a doença, de evitar a internação. É biologia pura e simples. O incremento descontrol­ado dos óbitos já existentes está desencadea­ndo outros problemas como a falta de local e pessoal para enterrar ou cremar corpos. Haverá contaminaç­ão do solo e, consequent­emente, alimentos contaminad­os. O Brasil perderá confiança internacio­nal para exportar matéria-prima, entre outros. As vidas estarão ainda mais desprotegi­das.

Proteção. A imunidade adquirida ao vírus é fundamenta­l em pandemia para consolidar o dever constituci­onal de proteção à vida. Entretanto, até que o vírus e as variantes percam força, o que só ocorrerá conforme precedente­s já comprovado­s pela Biologia, com a vacinação, é essencial o isolamento voluntário por respeito à própria vida, mas, principalm­ente, à vida daqueles que necessitam sair para trabalhar e manter o funcioname­nto em tempos de guerra.

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