Agora

Pobre saúde

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A proposta do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), de criar planos populares de assistênci­a, com coberturas para menos doenças, tem mais a ver com negócios do que com a saúde pública propriamen­te dita.

Quem não quer planos mais baratos, que cubram pelo menos as consultas? Se deixassem de fora exames mais complicado­s, pesariam menos no bolso do cidadão, já atazanado com a recessão e o desemprego.

Só que para isso seria preciso mudar a lei. Hoje, ela obriga todos os planos a dar cobertura a todas doenças.

O problema com esses planos para gente remediada é que eles seriam como um cobertor curto. Só funcionari­am se o paciente não tivesse nada mais complicado que uma dor de garganta.

Já quando ele precisar de um exame mais caro, não previsto no seguro contratado, ou tiver uma doença mais grave, vai acabar de voltar na fila do SUS.

Se é verdade que em algumas cidades tem ficado um pouco menos difícil marcar hora no posto de saúde, também é evidente que o SUS ainda está longe de prestar serviço decente para todos.

Esses planos populares defendidos pelo ministro dariam mais dinheiro para os empresário­s do setor, mas o cidadão teria de pensar duas vezes antes de embarcar neles.

Afinal, além dos impostos que paga para manter o SUS, teria de desembolsa­r mais grana em troca de muito pouco. Isso tem de ficar bem claro na hora de venda.

Quem se dispuser a comprar os novos planos, se eles forem de fato autorizado­s, precisará ser informado, tim-tim por tim-tim, das doenças e dos exames cobertos pelo seguro. Para o resto, ele continuará dependendo do SUS.

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