Donos da Kiss e músicos vão a júri popular por 242 mortes
Eles também serão julgados por tentativa de homicídio de 636 feridos em incêndio na boate, em 2013
Santa Maria (RS) Os empresários Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann e os músicos Marcelo Santos e Luciano Leão, acusados de serem os responsáveis pelo incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), que matou 242 jovens em janeiro de 2013, vão a júri popular. Eles esperam o julgamento em liberdade.
A decisão é do juiz Ulysses Fonseca Louzada, da 1ª Vara Criminal de Justiça de Santa Maria. Em sua sentença, Louzada entendeu que há indícios suficientes de que os acusados sejam os responsáveis pelo incêndio, como argumentou o Ministério Públi- co, em sua denúncia.
Formado por sete jurados, o conselho de sentença do Tribunal do Júri vai decidir se os quatro réus são culpados ou inocentes. Eles são acusados pelo crime de homicídio com dolo eventual (quando a pessoa assume o risco de causar a morte), qualificado por meio cruel (fogo e asfixia) e motivo torpe (ganância) na morte das 242 pessoas, além de tentativas de homicídio dos mais de 636 feridos.
Em sua denúncia, o Ministério Público aponta que os empresários são responsáveis porque colocaram nas paredes e no teto espuma altamente inflamável e sem indicação técnica de uso. Além disso, segundo a Promotoria, eles contrataram um show da banda Gurizada Fandangueira no qual sabiam que o grupo realizava exibições com fogos de artifício, e mantiveram a casa noturna superlotada, sem condições de evacuação e segurança.
No caso dos músicos, a Promotoria afirma que eles já conheciam bem o local, onde já haviam se apresentado, e, mesmo assim, adquiriram e acionaram fogos de artifício, que sabiam se destinar a uso em ambientes externos, e direcionaram para o teto da boate, dando início à queima do revestimento inflamável.
Asfixia
O fogo na boate começou por volta das 3h do dia 27 de janeiro de 2013, quando um músico da banda acendeu um artefato pirotécnico. Faíscas atingiram a espuma usada como revestimento acústico, que começou a queimar. A maioria das vítimas morreu por asfixia.