Agora

Paciente deixa Santa Casa para pagar cirurgia particular

Família de idosa fez empréstimo para custear operação após hospital desmarcar cirurgia duas vezes

- (Lucilene Oliveira)

A suspensão das cirurgias não urgentes na Santa Casa, em Santa Cecília (região central), levou a família da aposentada Andrelina Carvalho, 80 anos, a fazer um empréstimo bancário de R$ 15 mil para custear uma operação, no braço direito da idosa, em um hospital privado.

Andrelina estava internada havia 14 dias na enfermeira de ortopedia do centro médico, com uma fratura no úmero após uma queda. Segundo familiares, a operação chegou a ser agendada duas vezes, mas foi suspensa porque o hospital não tinha condições de comprar os pinos necessário­s para a implantaçã­o no osso.

O motorista Paulo Sérgio Carvalho, 32 anos, sobrinho de Andrelina, conseguiu retirar a idosa do centro médico anteontem, após assinar um termo de responsabi­lidade.

A paciente foi levada para Varginha (MG), onde o restante da família mora.

Segundo Carvalho, a Santa Casa não permitiu que os exames pré-operatório­s feitos na unidade fossem levados pela família.

“Com os exames, nós estamos gastando R$ 20 mil. Mas pelo menos temos a certeza de que no sábado (amanhã) ela já estará no centro cirúrgico”, disse Carvalho.

Crise

A situação vivida pela idosa é mais um episódio da crise pela qual passa o maior hospital filantrópi­co da América Latina. Na semana passada, as cirurgias eletivas (não urgentes) foram suspensas pela direção do hospital. A situação gerou revolta dos médicos residentes, que ameaçaram fazer greve.

Após reunião na tarde de ontem, os cerca de 600 estudantes de medicina optaram por não cruzar os braços.

Segundo a Ameresp (Associação dos Médicos Residentes do Estado de São Paulo), 133 alunos que fazem residência na área de cirurgia são os mais prejudicad­os.

Na semana passada, reportagem do Agora mostrou que, no ano passado, a entidade teve uma queda de 73% no número de cirurgias na comparação com 2013.

Também internada na enfermaria de ortopedia, a aposentada Selma Ferreira, 68 anos, espera desde o dia 17 por uma cirurgia para corrigir fratura no fêmur, mas o hospital não tem uma placa de titânio. “Não tem nem fralda geriátrica e antibiótic­o direito, como vou esperar que eles comprem uma placa?”, perguntou.

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Fotos Arquivo Pessoal O braço fraturado da aposentada; família fez empréstimo de R$ 15 mil para custear operação
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Andrelina Carvalho, 80 anos, aguarda cirurgia na Santa Casa; operação desmarcada duas vezes
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Sérgio Figueiredo/Folhapress

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