Temer encontra senadores para garantir impeachment
Governo interino teme que discurso de Dilma possa virar votos de senadores do Norte e Nordeste
Na tentativa de evitar recuos de última hora, o presidente interino, Michel Temer, iniciou ontem uma ofensiva sobre senadores do Norte e Nordeste a dois dias do início da fase final do processo de impeachment.
Como as duas regiões são consideradas redutos petistas, o receio do governo é o de que os parlamentares sejam pressionados a votar a favor da presidente afastada, Dilma Rousseff.
Além disso, a preocupação é a de que o discurso emotivo programado pela petista para a próxima segunda-feira, no Senado, possa virar votos na fase final.
Até amanhã, início da última etapa do impeachment, o interino pretende ter audiências privadas com sena- dores que evitaram declarar voto publicamente ou podem de mudar de lado.
Ontem, Temer recebeu pela manhã Edison Lobão (PMDBMA), João Alberto Souza (PMDB-MA) e Roberto Rocha (PSB-MA). Os dois últimos não declaram posição na fase final. À tarde, o interino abriu seu gabinete para Ciro Nogueira (PP-PI) e Ataídes Oliveira (PSDB-TO). A estratégia de Temer tem sido discutir projetos de interesse dos senadores. Na saída do encontro, contudo, cabe a as- sessores presidenciais procurá-los para falar de impeachment.
A ordem no governo também é liberar a execução de emendas dos parlamentares ao Orçamento e “atender a demandas de última hora”.
A expectativa é conseguir até 62 votos, incluindo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O Palácio do Planalto tem tentado convencer Renan a apoiar publicamente o governo interino na fase final, o que ele não fez até agora.