Prefeitura tira moradores de rua da praça Princesa Isabel
Operação limpeza apreendeu pertences, o que desrespeita regras de decreto de Fernando Haddad
Apesar de decreto publicado há dois meses que proíbe a apreensão de pertences de moradores de rua, agentes da gestão Fernando Haddad (PT) desrespeitaram as regras para esvaziar a praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo, e garantir seu uso para evento do Exército.
A intervenção, na manhã de segunda pela Subprefeitura da Sé com apoio da GCM (Guarda Civil Metropolitana), foi pedida pela força militar devido às celebrações do Dia do Soldado e à formatura de 2.000 cadetes na praça na manhã de hoje.
Moradores de rua afirmam que, na ação, foram levados itens como roupas e documentos —além da retirada de 50 barracas. A maioria acabou saindo de lá para voltar a dormir na cracolândia, em meio à concentração de dependentes de crack, do outro lado da avenida Rio Branco.
Em junho, no auge do frio, Haddad baixou um decreto proibindo agentes de recolherem itens pessoais de moradores de rua. Como efeito, houve difusão de barracas em praças, viadutos e calçadas.
A prefeitura nega ter havido desrespeito às regras, diz que já planejava a ação desta semana antes do pedido do Exército e que, com a proximidade do fim do inverno, operações de zeladoria deverão ser intensificadas.
Os moradores de rua dizem ter sido avisados uma semana antes sobre a necessidade de sair da praça. O local abri- ga uma estátua de Duque de Caxias, patrono do Exército.
Decreto
Pelo decreto municipal, caso os moradores não saiam voluntariamente, os abrigos podem ser removidos de dia, mas não os objetos pessoais.
“Levaram minha barraca, que eu já estava tirando, e três sacolas de roupa. Rasgaram barracas dos outros. Isso tudo debaixo da chuva e com minha mulher grávida”, diz Geraldo de Sousa, 30, há 17 anos na praça. Segundo ele e um assistente social ouvido pela reportagem, documentos de dois moradores de rua foram confiscados.