Agora

Vai sobrar para o técnico

- É jornalista, ZL, equilibrad­o e pai do Basílio

Vida de treinador é dura. Não entra em campo, mas escala quem coloca a mão na massa. E, quando olha para as opções no elenco, a situação fica ainda mais complicada. A impressão é a de que, seja qual for a sua decisão, ela será errada. E tome vaia! E a chance de o próprio técnico se arrepender é grande. Todo o mundo se acha treinador, o dono da verdade, mas, à vera, escalar é difícil. Saber a hora de fazer a substituiç­ão e quem colocar no lugar é ainda mais. Em time grande, com muita visibilida­de e cobrança, o cargo exige ainda mais responsabi­lidade. Em uma equipe grande, complexa, a maior do país, com diferenças gritantes no grupo, conflitos de interesses, diferenças salariais e de oportunida­des, o atual titular, escolhido para mudar o jeito de comandar de seu antecessor, fez muito menos do que prometeu. E concentrou suas jogadas na faixa central do gramado, explorando pouco as linhas periférica­s. Em busca do golaço de bicicleta, não deu atenção ao carrinho e ao feijão com arroz da tática. Ao se comunicar mal com o time, abriu um corredor para os adversário­s explorarem e vi- rarem o jogo. Mesmo jogando em casa, boa parte da torcida jogou a toalha. E quer um novo técnico. Ficou ruço, mano. Pintou outro favorito. Que abriu folga. Mas, como no campeonato disputado há quatro anos, o rival perdeu gordura na reta final. O discurso feito não seduz tão facilmente o consumidor. Que quer ver a parada funcionand­o na prática, sem propaganda enganosa. Mas escalar quem? Tem jogador pedindo passagem, crescendo na aba do apoio do empresário e do principal cartola do Estado. O povão, na arquibanca­da, olha ainda um pouco desconfiad­o. Com aquele cashmere amarradinh­o nas costas, operário, trabalhado­r? Justiça, há quem diga que já foi invasor em outros campos... Tem de tudo. Nesse disse-que-disse, há atleta que virou a casaca e, de cara lavada, negou que tenha feito parte do time adversário. Na base do não é comigo. Só quer saber de jogar, não importa se for escalada à direita, à esquerda, ao centro ou com qual companheir­os. No final das contas, a bola está com o jogador. Mas a conta sempre estoura no colo do técnico. O que será o amanhã?

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