Transformar São Paulo
A história é sempre a mesma. Os candidatos que pretendem ocupar a Prefeitura de São Paulo prometem tudo e mais um pouco.
Com gestão e vontade a cidade terá ônibus mais rápidos e menos congestionamento, mais creches para as crianças e menos filas na saúde, mais casas populares e menos lixo nas ruas.
Na campanha, nunca falta dinheiro para as realizações. Na vida real, os indicadores da cidade desmoralizam o voluntarismo de curto prazo. Os problemas de São Paulo, infelizmente, são tão grandes quanto a metrópole.
Resolver o deficit habitacional, por exemplo, parece impensável se a prefeitura apenas quiser construir mais casas. Faltam, por baixo, 230 mil moradias. É muita coisa.
O caminho certo seria mexer nas leis e nos impostos, de forma a estimular a oferta de moradia e o desenvolvimento econômico.
Na área da saúde, predomina a confusão. Cada administrador inaugura um sistema próprio, com uma sigla diferente que só confunde.
Uma ideia básica, porém, fica esquecida: é melhor prevenir do que remediar. Se houver prevenção, será necessário gastar me- nos com tratamento. A fila vai diminuir e ninguém precisará de novos hospitais.
Mas nenhum candidato quer deixar de prometer novos hospitais...
E quanto ao lixo? Fala-se em melhorar a coleta, mas ninguém fala em desestimular a produção de resíduos sólidos.
No trânsito, o ideal seria desestimular o uso do carro, para aumentar a velocidade dos ônibus. Mas não é fácil defender pedágio urbano...
Transformar São Paulo leva tempo, sem dúvida. Mas o caminho seria mais rápido se os candidatos mudassem de mentalidade.