Roubos de cargas batem recorde
O Estado de São Paulo teve, em agosto, ao menos 917 roubos de carga. É o maior número de casos registrados pela polícia em um único mês desde janeiro de 2011, o início da série histórica do governo.
Levantamento do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo) mostra que, em 2015, houve 19.250 roubos no país —44% só no Estado.
O recorde de agosto se deve à explosão dos registros em 4 das 12 regiões do Estado, entre elas a Grande São Paulo, onde os casos praticamente dobraram em comparação com o mesmo período de 2015: de 115 para 226.
Segundo o governo do Estado, sob a gestão Geraldo Alckmin (PSDB), parte se deve ao aumento dos ataques a cargas de alimentos, que cresceram 64% em comparação a agosto de 2015 —de 188 casos para 309.
Para o secretário da Segurança de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, a crise econômica é a raiz da questão. Especialistas discordam. “Crime profissional não aparece porque estamos numa crise”, diz o analista de segurança Guaracy Mingardi, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para ele, o motivo é a falha no combate à receptação.
O diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Li- ma, crê que houve migração de bandidos para a área de cargas e ataques a carros fortes. Diz que pode haver efeito indireto da crise, mas que o Estado tem de agir.
Motoristas de caminhão criam meios para evitar serem vítimas. Evanil Domingues, 54 anos, nem fala sobre a carga. “Você acha que todo mundo quer te roubar”, diz. Andar um atrás do outro é uma estratégia. “O bandido fica com medo, porque quem vem atrás pode atropelar”, diz o caminhoneiro Alexandre de Oliveira, 41 anos.