Sergio Moro manda prender Cunha na Operação Lava Jato
Em seu despacho, juiz Sergio Moro diz que ex-deputado poderia fugir do país e tinha influência no governo
O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi preso pela Lava Jato em Brasília ontem, 37 dias após ter o mandato cassado.
A prisão foi autorizada na segunda pelo juiz federal Sergio Moro a pedido do Ministério Público Federal na ação em que Cunha é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Segundo as investigações, o ex-deputado recebeu R$ 5 milhões de propina em contas na Suíça, abastecidas com dinheiro de contratos de exploração de petróleo da Petrobras na África. Moro assumiu o caso na semana passada depois que Cunha perdeu o foro privilegiado no STF (Supremo Tribunal Federal).
A prisão preventiva, por tempo indeterminado, foi efetuada pouco depois das 13h no prédio funcional em Brasília onde Cunha ainda ocupava, irregularmente, um apartamento.
À tarde, ele foi transferido em avião da PF para a carceragem em Curitiba, onde passou a primeira noite sozinho numa cela.
No pedido à Justiça, 13 procuradores argumentam que a prisão era necessária para impedir que Cunha continuasse a operar.
Citaram a nomeação de um aliado dele no governo Temer, Maurício Quintella (PRAL), como ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil. “Quintella havia votado em favor de Eduardo Cunha no Conselho de Ética”, disse.
Em seu despacho, o juiz destacou que havia risco de fuga por parte do ex-deputado, que tem dupla nacionalidade (brasileira e italiana), “o que poderia inviabilizar eventual extradição”.
A decisão incluiu busca e apreensão na casa de Cunha no Rio de Janeiro e bloqueio de documentos de veículos em poder da família.
“A habilidade do acusado em ocultar e dissimular propinas, com contas secretas no exterior, parte não totalmente identificada nem sequestrada, permanece incólume”, disse o juiz.
Segundo o pedido de prisão, “permanece oculto um patrimônio de aproximadamente US$ 13 milhões” (R$ 41,3 milhões). Esse montante estava em contas fora do Brasil fechadas por Cunha, segundo os procuradores.
Uma ação de improbidade já havia decretado o bloqueio de bens de Cunha até o valor de R$ 220,7 milhões, o que não significa que ele tenha esse montante.