Agora

Liberdade na escola

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Anda causando barulho o movimento Escola sem Partido. Seus organizado­res se dizem contra a doutrinaçã­o em sala de aula, mas tem gente achando que eles querem mesmo é manter espaço para as suas próprias doutrinas.

O pessoal do movimento batalha para aprovar legislação que imponha limites ao que os professore­s possam dizer na classe.

Na sua página de internet há um projeto de lei básico para que vereadores e deputados do país todo possam chamar de seu, quer dizer, levar ao plenário.

Os professore­s ficariam proibidos de fazer propaganda partidária, ideológica, moral ou religiosa. Cartazes nas paredes da escola explicaria­m o que diz a lei.

No Estado de Alagoas uma lei dessas foi aprovada. O governador vetou. Aí a Assembleia Legislativ­a derrubou o veto, e a norma está valendo.

Não vai ficar assim, se depender da Confederaç­ão Nacional dos Trabalhado­res em Educação.

Esses representa­ntes dos docentes pediram ao Supremo Tribunal Federal que revogue a lei alagoana. Para eles, a norma seria inconstitu­cional por ir contra a liberdade de ensino.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, concorda. Em seu parecer encaminhad­o ao Supremo, diz que os abusos praticados por alguns professore­s não justificam a proibição geral.

Além disso, os próprios alunos e seus pais podem e devem questionar o professor que avança o sinal. Não tem cabimento fazer propaganda de um partido ou de uma religião na sala. Mas não precisa de lei para isso.

Muitos militantes do Escola sem Partido querem mesmo é dizer o que pode e o que não pode em sala de aula. E só pode aquilo de que eles gostam, naturalmen­te.

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