Timão celebra cem anos da conquista da primeira
Com título de 1916, clube recuperou uma peça de valor que exibe orgulhosamente no Parque São Jorge
As imagens não sobreviveram ao tempo. Não há nem fotografias do Corinthians de 1916, mas quem foi naquele ano ao Parque Antarctica —que abrigava os jogos da Liga Paulista de Foot-Ball— viu uma equipe muito superior aos seus concorrentes.
“Era uma aberração o Corinthians jogar a Liga”, resumiu o historiador alvinegro Celso Unzelte, lembrando que o futebol paulista, há cem anos, estava dividido em duas competições.
A Apea (Associação Paulista de Esportes Athleticos) era comandada por clubes ricos, como o Paulistano. E relutava em aceitar um time popular como aquele do Bom Retiro.
Uma vaga chegou a ser prometida em 1915, mas a palavra não foi cumprida e o Corinthians ficou sem campeonato para jogar. Por isso, mesmo sendo a campeã de 1914, a equipe precisou disputar uma eliminatória para retornar à LPF em 1916.
“Foi só uma questão de formalidade. Todo o mundo sabia quem venceria”, disse Unzelte. A expectativa foi confirmada em uma vitória por 8 a 0 sobre o Antarctica.
O domínio alvinegro foi total. Incluído o jogo classificatório, o time capitaneado por Amílcar Barbuy atuou nove vezes, com nove triunfos, 31 gols marcados e apenas três bolas buscadas na rede.
A supremacia era tão grande que a disputa nem acabou. Equipes como o Germânia abandonaram a competição, e, ao longo do ano, ficou claro que ocorreria a pacificação do futebol paulista.
A partir de 1917, só haveria um campeonato, organizado pela Apea, que incluiria o Corinthians. A LPF se tornou “uma liga morta”, como explicou Celso Unzelte, e só restou entregar a taça à formação que liderava com folga.
O campeão atuou pela última vez em 3 de dezembro. Amílcar, Neco e Apparício marcaram na vitória por 3 a 0 que encerrou uma campanha histórica.
Se não foi a mais emocionante em 106 anos, a conquista permitiu ao Corinthians recuperar uma peça de grande valor, seu primeiro troféu obtido no futebol. Campeão em 1914, o clube nascido no Bom Retiro passou a taça ao Germânia em 1915. A relíquia foi resgatada no ano seguinte, um século atrás, e hoje é orgulhosamente exibida no Parque São Jorge.