Agora

Avião desceu, Chapecoens­e subiu e o Nacional é Prêmio Nobel

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Não foi uma descida, mas uma caída. Faltou combustíve­l, um absurdo. Fez me lembrar de meus tempos de mocinho em que andava de carona em carros de filhos dos ricos em Muzambinho-MG.

Meu primo Humberto tinha uma Rural Willys do Tio Celino. O “Marcelinho do Alípio” dirigia um rabo de peixe do pai Alípio Martins de Oliveira. Os amigos “João Mula” e o Toninho “Boquinha” se revezavam ao volante de um impensável Itamaraty com placas de São Pedro da União-MG, terra de “Boquinha”, estudante em Muzambinho.

O negócio era rodar pela Avenida Dr. Américo Luz exibindo os carrões para impression­ar as moças. Éramos uns 10 a 12 espremidos.

De vez em quando, claro, parava-se no “Posto do Toninho Carnevali” e logo vinha o “põe 10 aí”! Carona tem que ter bico fechado, mas sempre dizia: “Só 10? Logo acaba”! A

resposta era sempre a mesma: “Só 10, é só para chegar”. Algumas vezes, nas “ruas de baixo” ou no trevo, o carro pifava, não chegava. Sem gasolina!

Guardadas as proporções, foi o que fez o irresponsá­vel do dono-piloto da tal LaMia no fatídico voo da Chapecoens­e. “Botou 10” no tanque porque dava para chegar. Não deu e morreram 71! Quis viajar no laço, no talo, no limite, para... economizar! Maldito!

E pilotando uma “charrete voadora com rodas coladas com Super Bonder e amarradas com esparadrap­o”.

Mas há o outro lado também, sempre consideran­do a óbvia certeza de que “todo avião que sobe, desce”! E não é só avião pobre que cai, não. Gol, LATAM, Air France, American, United, Avianca, Emirates e tantas outras empresas gigantes do mundo já caíram em desastres bem maiores. E muitos ainda irão cair, infelizmen­te.

Mas o avião é por demais seguro e sua segurança goleia o carro e o sapato por 20.000 a 1. Podendo, vá sempre de avião, mas não custa escolher uma companhia de lastro, evitando voos lotéricos de empresas de fundo de quintal. E deu no que deu!

Agora é seguir lamentando, lembrando, rezando e saudando a Chapecoens­e e o Atlético Nacional de Medellín da Colômbia.

A Chapecoens­e, que dolorosame­nte colocou Chapecó e Santa Catarina no mapa do mundo, ganhou na imprensa internacio­nal em dois dias mais citações do que os nomes “Fidel” e “Trump”.

Mas para mim o grande herói foi o Clube Atlético Nacional de Medellín! Clube solidário, organizado, educado e capaz de realizar o evento-missa mais lindo da história na última quarta-feira.

Tanto que considero: “O Atlético Nacional trocou um título pela grandeza. Já o Internacio­nal quer trocar a sua grandeza por uma vaga na Série A do Brasileirã­o”. Prêmio Nobel da Paz de 2016 já para o Atlético Nacional de Medellín! Colaborou Thiago Tufano Silva Os colombiano­s (foto) fizeram em Medellín para a Chapecoens­e e para o Brasil o que eles não puderam fazer para sediar A Copa do Mundo de 86! Obrigado! Virei colombiano e virei Atlético Nacional de Medellín desde menininho! O Atlético Nacional trocou um título pela grandeza. Já o Internacio­nal (foto) quer trocar sua grandeza por uma vaga na Série A. É o pior fim de ano da vida do Colorado, que foi o melhor time do mundo em 1975. Lamentável...

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