Agora

Padilha pede licença e deve virar alvo da Procurador­ia

Segundo assessores, permanênci­a no governo é difícil; amigo de Temer diz que ele enviou pacote

- (FSP)

Aliados do presidente Michel Temer avaliam que a permanênci­a do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, no governo tornou-se “muito difícil” após ele ter sido implicado pelo advogado José Yunes no episódio de entrega de um pacote por um operador ligado ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Um dos principais auxiliares de Temer, Padilha pediu licença citando motivos de saúde. Ele deve passar por cirurgia para a retirar a próstata neste final de semana.

Assessores presidenci­ais acreditam que ele prolongará sua licença, hoje programada para até 6 de março, para dar tempo a Temer.

Em depoimento à Procurador­ia-Geral da República no último dia 14, José Yunes, amigo e ex-assessor de Temer, afirmou ter recebido, a pedido de Padilha em 2014, um “pacote” em seu escritório, entregue por Lúcio Bolonha Funaro, ligado a Cunha e hoje preso na Lava Jato.

A versão coincide a delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor da Odebrecht, de que Padilha orientou entregar a Yunes parte de R$ 10 milhões negociados entre a empreiteir­a e Temer.

Após a declaração de Yunes, a PGR avalia ser inevitável pedir ao Supremo Tribunal Federal a abertura de um inquérito para investigar Padilha. O pedido deve ocorrer já no início de março.

O ministro da Casa Civil ainda não se manifestou.

Cláudio Melo Filho afirmou em delação ter participad­o de um jantar no Palácio do Jaburu, em 2014, com o então presidente da empreiteir­a, Marcelo Odebrecht, Padilha e Temer, que pediu apoio financeiro ao PMDB para a eleição daquele ano.

Segundo a delação, a empreiteir­a pagaria R$ 10 milhões ao partido, sendo que R$ 4 milhões ficariam sob responsabi­lidade de Padilha.

Melo Filho diz ainda que um dos pagamentos foi feito no escritório de advocacia de José Yunes, em São Paulo.

Agora, Yunes conta que, naquele ano, recebeu um telefonema de Padilha pedindo que ele recebesse em seu escritório alguns “documentos”, que depois seriam retirados por um emissário.

Na hora combinada, Lúcio Funaro apareceu no escritório “trazendo um pacote”, afirma Yunes. O empresário, no entanto, diz não sabe qual era o conteúdo.

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Alan Marques - 16.fev.2017/Folhapress O presidente Michel Temer e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, seu mais importante auxiliar, durante cerimônia no Planalto que oficializo­u alteração no programa do Ensino Médio, no último dia 16
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