Dragões arretada
Escola foi original ao retratar o Nordeste e seu povo cantados por Gonzagão em “Asa Branca”
Com os versos de “Asa Branca” e a bênção de padrinho Padre Cícero, a Dragões da Real entrou na avenida em busca do título inédito. Nordestina arretada, sim, senhor, a escola foi aplaudida por todo o Anhembi, sendo ovacionada ao fazer duas paradinhas.
Para cantar o povo nordestino nos versos de Gonzagão, o Dragão do abre-alas, símbolo da escola, veio como esqueleto, que retratava a seca e o sofrimento do sertanejo. Cenográfico, o segundo carro trouxe bois e foliões vestidos de calangos, que subiam em esculturas de mandacarus.
Quarta escola a cantar o Nordeste, a Dragões se destacou pela originalidade. “O grande segredo foi que nós não carnavalizamos o Nordeste, nós retratamos o Nordeste”, disse o presidente Renato Remondini, o Tomate.
Os tons de marrom e a pele maquiada dos integrantes, para simular os efeitos do sol, deram o tom cênico necessário para o espetáculo. O auge do desfile foi o imenso caminhão de pau de arara que cruzou o Anhembi, com a performance de atores na pele de retirantes. O último carro veio coreografado para representar as festas nordestinas. Foliões agitavam tecidos vermelhos e alaranjados para simular as chamas da fogueira de são João.
“Eu espero que as pessoas tenham sentido o meu amor pela escola e o orgulho de defender esse enredo”, disse a rainha da bateria da Dragões, Simone Sampaio.
O músico e ator Chambinho do Acordeon, que interpretou Luiz Gonzaga no cinema, disse que o enredo da escola é a mais singela homenagem que “Asa Branca” poderia receber no ano em que a composição completa 70 anos. “Ele apresentou uma parte do nosso país em forma de poesia , em forma de canção, e isso que a Dragões trouxe hoje é motivo de muita alegria, não só para o nordestino, mas para quem gosta da cultura nordestina.”