Brasil fica até 2033 fora de conselho da ONU
País não apresentou candidatura para a mais alta instância da entidade, que pede antecedência
O Brasil vai ficar até 2033 fora do Conselho de Segurança da ONU, porque não apresentou candidatura nos últimos anos. É a mais alta instância da ONU, com objetivo de cuidar da segurança e da paz internacionais.
O CS tem 5 vagas permanentes, ocupadas por China, Reino Unido, EUA, França e Rússia. Outras dez são rotativas e divididas por região.
As candidaturas são apresentadas com muitos anos de antecedência. A última vez que o Brasil ocupou uma delas foi em 2010-2011.
Desde alguns anos antes, não apresentou mais candidatura e como resultado não terá “vaga” até 2033, segundo a reportagem apurou.
O assunto foi discutido na primeira reunião entre o chanceler Aloysio Nunes e o alto escalão do Itamaraty.
“É um sintoma do encolhimento do país no cenário internacional”, diz uma fonte do governo. “Por um misto de descaso e barbeiragem, o Brasil perde capacidade de influenciar o órgão de maior força na ONU”, continua.
O país pode ficar ausente por 22 anos —mais tempo que na ditadura militar.
“Mas na ditadura o país não se candidatou porque não queria que o tema da tortura viesse à tona”, diz Matias Spektor, professor de Relações Internacionais da FGV. “É péssimo o Brasil ficar de fora por tanto tempo. sem expressar nossa concepção de ordem internacional.”
Trata-se de uma mudança radical na política externa brasileira. No governo Lula, a diplomacia tinha ambições de mediar a paz entre israelenses e palestinos e chegou a apresentar uma proposta de acordo, em conjunto com a Turquia, para resolver a questão nuclear no Irã.
No governo Dilma, nem sequer quiseram fazer parte do CS. “O Brasil foi do 80 para o 8”, diz outra fonte.
Uma das principais bandeiras da política externa brasileira nos últimos anos era a reforma do Conselho para ampliar o número de membros permanentes e torná-lo “mais legítimo e representativo”, incluindo um assento para o Brasil.
Agora, para concorrer antes de 2033, só se algum país da América Latina desistir.