Temer só arrecadou 5% dos recursos em chapa com Dilma
Presidente obteve R$ 19,8 milhões na eleição de 2014, em que era vice da candidata petista
A conta bancária aberta pelo presidente Michel Temer para receber recursos para a campanha eleitoral de 2014 foi abastecida com depósitos que correspondem a apenas 5,67% dos R$ 350,4 milhões arrecadado pela chapa dele e de Dilma Rousseff.
Naquele ano, os dois concorriam à reeleição — ela para presidente, ele para o cargo de vice-presidente.
Segundo dados levantados pela reportagem no Tribunal Superior Eleitoral, a conta controlada pelo então vice, recebeu R$ 19,8 milhões em agência do Banco do Brasil.
Deste total, R$ 16,5 milhões foram destinados a diretórios do PMDB e a candidatos a governador, deputado e senador do partido nos Estados. Os repasses foram em dinheiro ou na forma de material de propaganda.
Sobrou cerca de R$ 3 milhões, para que Temer arcasse com despesas diretas de sua própria campanha.
Esses valores correspondem a cerca de 1% do total de gastos declarados pela chapa Dilma/Temer ao TSE.
Uma das estratégias dos advogados de Temer para livrá-lo de uma condenação no TSE, onde a chapa é investigada sob acusação de abuso de poder, é a de dizer que a contabilidade dos dois candidatos eram separadas.
“Ele não pode ser responsabilizado por eventuais irregularidades em uma arrecadação da qual não participou”, afirma o advogado Gustavo Guedes.
A conta em nome de Temer reforçaria a tese ao mostrar que, independentemente de valores, ele coletava recursos de forma separada.
Misturado
A defesa de Dilma, que nega irregularidades na arrecadação, considera inadmissível a tese de separação da chapa. A prestação de contas, segundo o advogado Flávio Caetano, era única.
A conta separada de Temer não provaria nada já que ela seria apenas uma das quatro contas bancárias abertas pela campanha. E os recursos depositados em nome do vice não fizeram frente a gastos dele e de sua equipe.
Várias despesas de Temer foram bancadas pelos recursos das outras três contas. Só em viagens de avião foram gastos cerca de R$ 2 milhões.
Há registro de pagamentos de salários e hospedagens para pessoas da equipe dele, como Eliseu Padilha.
A defesa de Temer reafirma que não contesta os gastos mas que eles não o tornam responsável por arrecadação da qual não participou.