Agora

Promotoria aponta erros em investigaç­ão do caso Ítalo

Ministério Público pediu mais apuração sobre morte de menino no Morumbi, em junho de 2016

- (Luís Adorno)

O Ministério Público apontou ontem 23 erros no inquérito da Polícia Civil que investiga a morte do menino Ítalo Siqueira, 10 anos. O garoto foi morto em suposto tiroteio por policiais militares em junho de 2016, após dirigir um carro furtado no Morumbi (zona oeste).

Entre as principais indagações do promotor Justiça Fernando César Bolque está a falta das imagens e dos áudios dos policiais no inquérito. Ele também aponta contradiçõ­es de exames e de depoimento­s dos envolvidos. E afirma: Ítalo e o amigo de 11 anos que estava com ele não atiraram contra os policiais.

Segundo Bolque, os exames residuográ­ficos não tiveram resultado positivo para nenhum policial, mesmo com os PMs admitindo terem atirado. Mas dão positivo nas duas mãos de Ítalo. “A contradiçã­o é que, na luva que o garoto usava, o resultado foi negativo. Como pode dar negativo na luva e positivo nas mãos?”, questiona.

Ainda segundo ele, os soldados Otávio de Marqui e Israel Renan Ribeiro da Silva deram três depoimento­s à Polícia Civil. Nos dois primeiros, afirmaram terem sido recebido a tiros na abordagem ao carro onde estavam os dois garotos. No terceiro, recuaram e disseram que viram apenas um clarão. “O policial que está na rua sabe diferencia­r um tiro de um clarão. É fato que os garotos não atiraram”, afirma.

Ainda de acordo com o promotor, há pontos que precisam de mais investiga- ções: por que os policiais retiraram do local do crime a arma que teria sido usada pelo menino; e por que os PMs colocaram o garoto sobreviven­te no carro, andaram com ele até a casa da mãe dele, sendo que o Código de Conduta da PM aponta que ele deveria ter sido levado a uma delegacia.

O inquérito, recebido pelo promotor na última sextafeira, foi analisado e devolvido com os pedidos de apuração ontem. “A investigaç­ão está muito aquém do esperado”, afirma.

Nos depoimento­s

os policiais afirmaram nos dois primeiros depoimento­s que revidaram tiros. No terceiro, mudaram a versão e afirmaram que viram apenas um clarão os PMs afirmam que Ítalo estava no banco do motorista, mas havia muito sangue no banco de trás. O sangue não era do amigo do garoto, que teve escoriaçõe­s leves no rostoenojo­elho os policiais disseram que atiraram juntos, mas só foram encontrada­s cápsulas da arma de um deles

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Reprodução O corpo de Ílalo Siqueira, 10 anos, após o suposto tiroteio com a PM, no Morumbi (zona oeste), em 2016
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