Se exterminar a política, entram aventureiros, diz Jucá
Citado por delatores, líder do governo no Senado nega que participou de venda de medida provisória
No momento em que a Lava Jato atinge expoentes dos principais partidos do país, o senador e presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), diz que paira “uma nuvem negra sobre todos os políticos”.
O líder do governo Michel Temer no Senado diz, em entrevista à reportagem, que a política estará melhor ao fim da operação, mas há riscos para as eleições de 2018.
“Talvez a Lava Jato não tenha tempo de isentar algumas figuras que podem disputar a eleição. É um dilema. Se você parte para uma generalização e quer exterminar a política, você vai para uma aventura. Mas você não inventa um presidente. Tem que se forçar o avanço, mas não se pode quebrar o modelo. Se quebrar o modelo, você fica vulnerável a qualquer tipo de loucura”, disse.
Jucá foi acusado por um ex-executivo da Odebrecht de receber dinheiro para aprovar medidas provisórias. Ele rebate e insinua que os delatores sofreram pressões.
“Eu recebo todos os setores que me procuram. Quem fala em venda de MP desconhece como isso funciona. Todo o processo é complexo e transparente. Quem vai julgar essas pessoas é Deus. Eu sou vítima desse processo Quem fez coisas erradas, se fez, que encontre sua paz. A minha está tranquila”, afirma.
O senador ainda exerce influência no Ministério do Planejamento, do qual pediu demissão em maio após a reportagem publicar áudios de conversa dele com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, que sugeriam um acordo para barrar a Lava Jato, o que ele nega.
“Alguém foi deliberadamente puxar um assunto, como se estivesse desesperado. Foi uma armadilha. Eu falava que o Brasil estava sangrando. E não era a Lava Jato que fazia sangrar, era o governo Dilma. Em momento nenhum eu obstruí a Lava Jato”, justifica Jucá.
Ele acredita na aprovação da a reforma da Previdência, mas admite alterações na proposta do governo. “O Congresso tem autonomia, direito, experiência e representatividade para isso”.