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Depois de sumiços em série, promessa ganha nova chance

Meia Diogo Vitor, da equipe B do Santos, desaparece­u 3 vezes; mesmo assim, clube ainda crê no atleta

- (FSP)

Em fevereiro, na última volta de Diogo Vitor, 20 anos, ao Santos, Kleiton Lima, o técnico do time B, teve o que ele mesmo chamou de “conversa definitiva” com o atacante, um dos principais nomes das categorias de base.

Era a terceira vez que o jogador desapareci­a da Vila Belmiro e depois retornava.

“Os diálogos têm de ser duros, mas tenho de insistir. Se largar da mão dele, sei que o Diogo vai afundar de vez. Pode ser a última chance”, afirmou Lima.

Diogo Vitor está no Santos desde 2010. Chegou como meia. Dois anos depois, quando se tornou atacante, virou um dos principais nomes do departamen­to amador. A maior aposta do clube, famoso por revelar atletas para a seleção brasileira.

Seu empresário é Wagner Ribeiro, que já trabalhou com Kaká e Neymar. Mas mesmo ele ameaça perder a paciência com o cliente.

“O Diogo é um fenômeno. Joga muito. Eu fiz de tudo para ajudá-lo. Mas ele precisa tomar jeito porque o futebol não perdoa. Da minha parte, já disse que é a última chance. Ele precisa ter foco na carreira”, afirmou Ribeiro.

O último sumiço aconteceu antes do Carnaval deste ano.

Quando voltou, tinha gente na diretoria que o queria dispensado. “O Diogo faz mal a ele mesmo. Não sabemos o que se passa na cabeça dele”, disse Barbirotto, treina- dor de goleiros do Santos B.

Para descobrir isso, ele vai à psicóloga. O clube percebeu que os problemas ocorrem quando Diogo viaja para Santana da Vargem, em Minas Gerais, a 260 km de Belo Horizonte. É lá que encontra parentes, amigos de infância, e esquece do Santos.

Foi também onde se envolveu em acidente de carro em abril do ano passado. Antes disso, não se reapresent­ou na Vila porque alegou estar com dor de dente.

“Não sabemos de tudo o que aconteceu na vida dele. Sabemos que é órfão. Morava com a bisavó, que também morreu. Aqui em Santos ele não tem nenhum familiar por perto”, completa Lima.

A mãe de Diogo, Luciene, foi atropelada há quatro anos, junto com o tio José Maria. Ela morreu na hora. “Diogo também não tem mais o pai”, afirma Ribeiro.

O clube acredita

O Santos insiste porque vê qualidades no atacante. Na quinta-feira, em jogo-treino contra o Jabaquara, ele atuou por 35 minutos e deu três passes para gols. A equipe venceu por 6 a 0.

Dorival Júnior o observava. Ele deu uma chance para Diogo em 2016, mas desistiu após os sumiços. “É um garoto que não quer nada para a vida dele”, disse Dorival.

O discurso de Diogo Vitor é de humildade. Quem o ouve custa a crer que ele é o atleta indiscipli­nado que teve salário cortado pela diretoria por causa das ausências. “Tive umas recaídas. Estava com a cabeça fraca de ficar indo para Minas. Agora estou focado. Vai dar certo.”

 ?? Ernesto Guerra Azevedo - 17.out.16/Santos FC ?? Diogo Vitor cabeceia a bola durante treinament­o do Santos; o jogador já teve uma série de sumiços no clube, mas conta com a confiança de pessoas próximas, como o técnico da equipe B do Peixe, Kleiton Lima
Ernesto Guerra Azevedo - 17.out.16/Santos FC Diogo Vitor cabeceia a bola durante treinament­o do Santos; o jogador já teve uma série de sumiços no clube, mas conta com a confiança de pessoas próximas, como o técnico da equipe B do Peixe, Kleiton Lima

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