Corregedoria da PM apura torturas
A Corregedoria da Polícia Militar investiga uma denúncia, feita à Ouvidoria das Polícias por um soldado, de que comandantes que atuam na região de Botucatu e Laranjal Paulista (238 km e 159 km de São Paulo) teriam ordenado uma “guerra às drogas”, mandando seus subordinados torturarem e matarem dependentes químicos.
A denúncia foi recebida pelo ouvidor, Júlio César Neves, na sexta-feira passada, que encaminhou o relato ao delegado diretor da área, ao Ministério Público e à Corregedoria da PM.
Os órgãos já investigam o caso. De acordo com a denúncia apresentada, o sol- dado dá exemplos de tortura e homicídios praticados por policiais a mando de um coronel e de um major da PM.
Em 8 de março, uma pessoa até hoje desconhecida foi morta em um suposto tiroteio com PMs em Laranjal Paulista. Um posto de gasolina foi roubado à noite e a PM foi acionada. Em uma rua de terra, o homem, com um objeto suspeito na mão, teria sido morto após trocar tiros com os PMs, segundo versão apresentada pelos policiais.
O objeto suspeito era um colete à prova de balas, de uma empresa de segurança privada. O rapaz levava consigo cocaína. O PM que ligou para a Ouvidoria diz que os PMs executaram o rapaz, por ordem dos comandantes.
Já em 15 de março, um auxiliar de serviços gerais afirma ter sido agredido e queimado com ferro de passar roupa por PMs que invadiram sua casa, em Botucatu, a procura de traficantes.
O rapaz teve queimaduras de 2º e 3º graus, nas coxas e no ombro esquerdo. De acordo com o PM denunciante, a prática também foi a mando dos comandantes.
O ouvidor da polícias afirma ter recebido a denúncia com preocupação: “Tortura não existe nem na guerra. A PM existe para proteger, não praticar crimes”.