Gambiarra especial
Na política sempre há algum truque escondido debaixo da manga. Agora mesmo a Assembleia Legislativa de São Paulo tira mais um coelho da cartola para enrolar o contribuinte.
Em dezembro, o Ministério Público tentou botar um limite numa farra que ocorre lá. A Assembleia tem 251 funcionários contratados sem concurso para exercer funções técnicas.
Segundo a Constituição estadual, esses postos devem ser ocupados por servidores de carreira.
Os nomeados sem concurso ficam com as atividades de chefia ou direção, que exigem uma relação mais próxima, de confiança, com os deputados estaduais.
Para evitar a extinção de todas as 251 vagas, os políticos inventaram uma gambiarra revoltante.
No dia 14 de março, aprovaram um projeto que modifica o nome dessas funções. Assim, o “assistente técnico parlamentar” vira “secretário especial parlamentar”. E o “assessor técnico de gabinete” se torna “assessor especial de gabinete”.
As tarefas são as mesmas, só que com novos nomes.
Com a simples palavra “especial”, os deputados tentam mudar tudo para, no fim das contas, manter tudo como está.
Hoje na Assembleia existem quase 3.000 cargos que não exigem concurso.
Ou seja, podem ser preenchidos por amigos ou cabos eleitorais dos parlamentares.
O projeto aprovado ainda precisa ser sancionado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para valer de verdade.
Se isso acontecer, e nada mudar por lá, os deputados poderão se gabar de mais uma mágica: transformaram a Assembleia em circo e o cidadão em palhaço.