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As mordidas do Pit Bull

- É editor do Vencer

Confesso que nunca morri de amores por Felipe Melo. Sempre preferi jogadores mais elegantes, ao estilo de Falcão, por exemplo. Se a comparação soa absurda, dada a disparidad­e técnica, então posso citar o Mauro Silva, dono de extraordin­ário senso de colocação, que lhe permitia roubar a bola sem quase nunca cometer faltas. Além do mais, ambos eram polidos nas entrevista­s.

“Se tiver que dar porrada, eu vou dar porrada. Se tiver que dar tapa na cara de uruguaio, eu vou dar tapa na cara de uruguaio, porque isso faz parte da minha forma de jogar.” Felipe Melo até já se desculpou por essa declaração, mas deixou a impressão de ter recuado apenas por orientação interna no Palmeiras, diante do risco de ficar marcado pelos árbitros.

Apesar desses arroubos um tanto fora da curva, Felipe Melo tem o mérito de ser autêntico. Ele fala o que lhe vem à cabeça e encarna de forma brilhante o seu personagem.

Não é o perfil que mais admiro, mas, justiça seja feita, ele enriquece o árido cenário do futebol no país. Com a carência de craques, e até de bons jogadores, a sua presença ajuda a elevar o nível, sim senhor. Mas, acima de tudo, traz paixão e personalid­ade a um ambiente infestado por atletas sem marca e nomes genéricos como Bruno Henrique, João Pedro, Lucas Otávio e similares.

Felipe Melo poderia ser mais um deles se não tivesse criado o Pit Bull. As suas cutucadas na Vila Belmiro foram impagáveis. Que as “otoridades” não tentem domá-lo. Os “gênios” que impõem torcida única e uma chata cartilha aos atletas precisam entender que sujeitos assim fazem o show. E não é uma provocação bem-humorada que vai revoltar um povo já sujeito a corrupção deslavada e perda de direitos trabalhist­as e da Previdênci­a.

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