Agora

Até leis estão sob suspeita

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Já se sabia que a Lava Jato havia encontrado suspeita de bandalheir­a em várias obras públicas, principalm­ente da Petrobras.

O esquema investigad­o, nesse caso, é uma empreiteir­a ganhar o contrato para fazer a obra e, em troca, pagar propina para o político que a ajudou, dando uma força na campanha eleitoral.

Mas o caso pode ficar maior. Os delatores ligados à construtor­a Odebrecht dizem que até leis que hoje estão em vigor foram compradas com dinheiro da corrupção.

Ou seja: segundo eles, dava-se dinheiro a autoridade­s, no governo e no Congresso, para que fossem aprovadas regras mais camaradas —em geral, menos impostos— para a Odebrecht e outras empresas.

Por enquanto, só há histórias contadas pelos delatores, não provas. Pode ser que as coisas não tenham acontecido exatamente assim.

Mas, seja como for, já dá para notar que o jeito brasileiro de fazer leis dá margem a muitas coisas erradas.

Nos casos apurados pela Lava Jato, o governo propôs e o Congresso aprovou projetos enormes, de muitas páginas, tratando de várias coisas diferentes.

Cada um era uma espécie de árvore de Natal, cheia de pendurical­hos e presentes para todo mundo.

Mesmo que não tenha havido roubalheir­a, leis assim são muito perigosas, porque quase ninguém entende direito o que está sendo votado.

Na última hora, alguém sempre consegue incluir mais alguma coisa no texto, geralmente em benefício próprio.

Para acabar com esse tipo de malandrage­m, é preciso botar a boca no trombone. Essa tarefa é dos brasileiro­s, não só da Lava Jato.

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