Delatores se opõe sobre o fim do setor de propinas
Dois delatores da Odebrecht apresentaram versões diferentes sobre o encerramento do Setor de Operações Estruturadas, o departamento de propinas da empresa.
No início de 2015, um ano depois do início da Operação Lava Jato, parte do setor foi transferida para a República Dominicana e dois funcionários se mudaram para o exterior, a pedido do então presidente Marcelo Odebrecht. Em seu depoimento à força-tarefa da Lava Jato, em dezembro de 2016, o herdeiro do grupo disse que a decisão tinha como objetivo encerrar as atividades.
“O que eu disse foi ’feche as contas [estrangeiras não declaradas], acaba com as operações estruturadas e vai para o exterior trabalhar com mais serenidade e sem risco de grampo”, afirmou Marcelo Odebrecht a procuradores.
Hilberto Mascarenhas da Silva, chefe do Setor de Operações Estruturadas naquele momento, relatou que a transferência, uma exigência de Marcelo Odebrecht, era uma tentativa de driblar o monitoramento das autoridades e manter as operações. “Ele queria evitar o risco. Estava sentindo que alguma coisa estava prestes a acontecer e aí exigiu que a área, para continuar, fosse fora do Brasil”, afirmou Silva.
Marcelo Odebrecht foi preso meses depois, em junho de 2015. Seu pai, Emílio Odebrecht, assumiu a empresa e só então, segundo disse o patriarca ao Ministério Público Federal, os repasses ilícitos foram interrompidos de vez.