Fábrica de ídolos
Clássicos marcantes desde 1917 ajudaram a colocar jogadores dentro de corações verdes e alvinegros
Um passe mal executado em um Dérbi pode inviabilizar a permanência de um jogador no Corinthians ou no Palmeiras. Uma jornada inspirada pode torná-lo ídolo eterno de um dos clubes.
Não foram poucos, em cem anos de rivalidade, que usaram esse caminho para entrar no coração apaixonado da Fiel ou ganhar o respeito da exigente torcida que canta e vibra. Os mitos do clássico começaram a surgir já em sua primeira edição, com os três gols de Caetano. Mais do que ele fez Romeu Pellicciari, que foi à rede quatro vezes no massacre verde de 1933.
Já o Corinthians viveu seu primeiro grande momento em 1937, com o sacrifício e o faro de gol do machucado Teleco. Era só o começo de uma história sem fim.
Nos anos 1950, um time espetacular formado por Gylmar, Idário, Roberto, Cláudio, Luizinho e Baltazar marcou seu nome na história alvinegra com vários títulos. E com o desempenho contra o Palmeiras, superado no marcante triunfo de 1954.
Foi o único título do Corinthians em um bom tempo. E coube ao rival ampliar o martírio, em 1974, calando 100 mil no Morumbi.
Multicampeão em verde e branco, Dudu considera aquela conquista “a mais especial”, opinião compartilhada por Leivinha: “Fui campeão de um monte de coisa, mas sempre cito o título de 1974, porque foi em cima do Corinthians”.
xSempre foi assim. No Dérbi, vencer provoca tanto prazer quanto observar a dor alheia, motivo pelo qual os triunfos de 1993, 1994, 1999 e 2000 são tão comemorados pelos palmeirenses. E pelo qual gente como Evair, Rivaldo e Marcos é lembrada com tanto carinho.
O mesmo vale, do outro lado, para Casagrande. Em 1982, o centroavante marcou três gols em quatro mi- nutos em uma goleada por 5 a 1 e ganhou de vez a Fiel. Marcelinho e Romarinho seguiram a receita, que já havia sido usada por Biro-Biro em 1979. “Foi de canela, chorado, como o corintiano gosta”, lembra Biro, celebrando seu gol favorito.
O pernambucano é só um dos personagens marcantes. Além dos aqui citados, há muitos outros. E foram apenas cem anos.