Moro proíbe que defesa de Lula grave o depoimento
Para juiz, há risco de que pedido do petista tenha um propósito estranho à finalidade do processo julgado
O juiz Sergio Moro proibiu que a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva faça sua própria gravação do depoimento que ele dará ao magistrado amanhã, em Curitiba. Para ele, há “risco” que o registro tenha “propósitos político-partidários.”
Segundo a decisão, somente a própria Justiça Federal irá filmar o que ocorre na audiência — como normalmente é feito desde o início da Operação Lava Jato.
“Há um risco de que o acusado e sua defesa pretendam igualmente gravar a audiência, não [para] permitir o registro fidedigno do ocorrido para finalidades processuais, mas sim com propósitos político-partidários, absolutamente estranhos à finalidade do processo”, escreveu Moro.
Para ele, Lula e seus advogados convocaram militantes para um ato em Curitiba e querem transformar a audiência em evento político, “como se algo além do interrogatório fosse acontecer”.
Moro, no entanto, aceitou que seja feita uma gravação adicional do depoimento, com registro lateral, “que re- tratará a sala de audiência com um ângulo mais amplo”. “Tal gravação oficial será igualmente disponibilizada no processo às partes.”
Foi proibida, ainda, a entrada de pessoas com telefones celulares na sala. A audiência não deve ser transmitida ao vivo. Nas ações da Lava Jato, vídeos dos depoimentos costumam ser tornados públicos horas depois do fim das sessões. O advogado de Lula irá recorrer. Denunciado em dez do ano passado, acusado de receber propina da Odebrecht, usada na compra de terreno para o Instituto Lula e apartamento em São Bernardo do Campo Em julho de 2016, Justiça Federal do DF aceita denúncia contra Lula, que teria participado de trama para comprar delação de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras Lula aluga apartamento vizinho ao seu e nunca foi dono do terreno em questão